Programação dos Grupos Temáticos
Dia 02 – 28 de agosto de 2025
GT História do Jornalismo
Coordenação Nacional: Rachel Bertol (UFF) e Phellipy Pereira Jácome (UFMG)
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 03 (Bloco I)
Sessão 1 – Jornalismo em contextos de catástrofe (14h – 14h45)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF)
– Narrativas midiáticas dos atingidos 10 anos após o rompimento da Barragem de Fundão
Marta Regina Maia (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP / Universidade de São Paulo – USP), Amanda de Paula almeida (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Hariane Santos Alves (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
O artigo investiga como a mídia representa os atingidos, no novo território de Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana (MG), dez anos após o rompimento da Barragem de Fundão (5 de novembro de 2025), observando como os discursos jornalísticos a partir das reportagens das mídias BHAZ, O Tempo e Nonata atualizam ou silenciam memórias coletivas, sentidos de pertencimento e o processo de territorialização do reassentamento de Bento Rodrigues. A partir de um protocolo metodológico que apresenta alguns operadores de memória sobre as coberturas jornalísticas, notamos que, embora não responsabilizem as mineradoras pelo acontecimento, as reportagens abrem brechas para uma cobertura um pouco mais humanizada na reconfiguração da memória sobre o evento e seus desdobramentos.
– A cidade diante da tragédia: reportagens do Nonada Jornalismo sobre as enchentes no Sul
Elisabetta Mazocoli de Paula Costa (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Este artigo analisa a cobertura do portal Nonada Jornalismo sobre as enchentes no Sul, principalmente na cidade de Porto Alegre, entre o final de abril e começo de maio de 2024, a partir de uma série de três reportagens que tematizam as sequelas deixadas pelas chuvas. O portal abordou a catástrofe climática no estado com apoio do Pulitzer Center, se aprofundando em alguns aspectos que atingiram a vida nas cidades. Para o entendimento das características que compõem o jornalismo feito pelo portal, são usados conceitos de Jornalismo Literário e Jornalismo de Subjetividade, além de percepções do que constitui a metrópole moderna vindas de Michel Maffesoli, Renato Cordeiro Gomes e Janice Caiafa.
– Testemunho, narrativa e soluções: um estudo de caso da plataforma Sumaúma
Júlia de Souza Fonseca (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
Este artigo analisa o jornalismo da Plataforma Sumaúma tomando como referência a reportagem ‘Tá todo mundo contaminado por mercúrio. Crianças, velhos, grávidas’. Investigou-se o potencial epistemológico da reportagem de teor testemunhal, articulada por meio de uma narrativa jornalística que incorpora as subjetividades e a desconstrução da lógica cientificista e tecnicista no jornalismo
(Moraes, 2019; 2022). Ademais, avaliou-se a dimensão ético-política da alteridade e do reconhecimento do Outro no jornalismo testemunhal, compreendendo o testemunho como dispositivo crítico para a reconfiguração do modus operandi jornalístico, orientado não somente para os desafios futuros da profissão, mas para a absorção de demandas sócio-político-culturais emergentes e a proposição de estratégias resolutivas na contemporaneidade.
Debate: 14h30 – 14h45
Sessão 2 – Jornalismo em contextos de catástrofe (14h45 – 15h15)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF)
– A cobertura da alimentação no Jornal Extra: moralização, individualismo e apagamentos
históricos
Giovanna Tito de Fuccio (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
A alimentação, além de necessidade biológica, é um fenômeno cultural e político, refletindo identidades e desigualdades. Embora a produção global de alimentos atinja níveis recordes, a fome persiste, evidenciando problemas de acesso e distribuição. No Brasil, apesar dos avanços recentes, milhões ainda enfrentam insegurança alimentar grave. Este artigo analisa como o jornalismo hegemônico enquadra essa ques são, seja naturalizando desigualdades, seja problematizando-a como pauta política. Por meio de estudo comparativo de matérias do jornal Extra (2000, 2010 e 2020), investiga-se a construção de narrativas sobre alimentação, destacando seu papel na mediação entre lógicas de mercado e direitos sociais.
– Narrativas da fome em tempos de crise: uma análise histórica da cobertura jornalística do
Brasil de Fato (2020–2022)
Gabriella V. de Barros (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS)
O artigo analisa como o jornalismo atua na construção da memória social sobre a fome no Brasil entre 2020 e 2022. Com base em notícias do portal Brasil de Fato e utilizando a análise de conteúdo (Bardin, 2016), identifica-se uma cobertura crítica que contextualiza historicamente a fome, denuncia o desmonte de políticas públicas e valoriza a solidariedade popular. A partir de referenciais teóricos sobre memória e jornalismo, conclui-se que a imprensa pode funcionar como espaço de resistência e registro histórico diante da negação e invisibilização institucional da crise alimentar.
Debate: 15h05 – 15h15
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 07 (Bloco I)
Sessão 3 – Jornalismo e suas dimensões conceituais (14h – 14h45)
Coordenação/Mediação – Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– A história e desenvolvimento das assessorias de imprensa no Brasil sob a ótica dos jornalistas autores e da literatura especializada
Boanerges Lopes (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Neste século XXI, o exercício jornalístico na área de Assessoria de Imprensa avança para um redimensionamento junto a outros segmentos. Com isso, a literatura relacionada ao segmento amplia seu espaço nas referências de autores e pesquisadores do campo jornalístico, bem como nas principais editoras. Hoje, aqueles que produzem conteúdo didático e técnico para o nicho, reconhecidamente são acompanhados por um expressivo número de leitores pelos mais remotos recantos, independente
da publicação: impressa ou digital. Assim, a possibilidade de reunir referências da literatura disponível na atualidade pode auxiliar nas futuras iniciativas de investigação, ao sugerir obras e estimular percepções que vislumbrem o impulso de debates e reflexões que busquem engrandecer pesquisas e ações comunicativas na realidade mercadológica.
– Aspectos históricos do Jornalismo de Dados: uma exploração bibliográfica
Vítor Almeida dos Santos(Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG); Cintia Xavier (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG)
O presente artigo tem como objetivo apresentar algumas percepções do percurso histórico do Jornalismo de Dados. Para isso, utilizou-se de uma revisão bibliográfica dos artigos acadêmicos que tematizam o Jornalismo de Dados. Primeiro, buscamos termos que associam “jornalismo” e “dados” na base de dados da ScieELO. Após, filtramos “jornalismo de dados” e possíveis variações em títulos, resumos e palavras-chave. Nosso terceiro movimento foi identificar o percurso do Jornalismo de Dados nesses trabalhos. Do total, apenas 10 artigos trazem relação com aspectos históricos dessa prática em suas considerações. Ao final, percebemos que há alguns marcos recorrentes, como as contribuições de Philip Meyer, a disponibilidade de dados e certo destaque ao jornal The Guardian.
– O Jornalismo em Quadrinhos como Recurso Historiográfico: a Emergência de Experiências Públicas Contemporâneas e suas Historicidades
Júlio César Rocha Conceição (Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG)
Analisamos a reportagem em quadrinhos Raul, de Alexandre De Maio (2018), enfatizando a importância de ouvir vozes silenciadas, destacando no seu interior uma potente criação de atmosferas (Stimmung) mediante as cenas e falas inscritas na narrativa. A obra foi selecionada por três critérios: princípio jornalístico, contexto histórico e reconhecimento público. Utilizamos a análise estética de Gumbrecht como metodologia e seguimos três práticas fundamentais da filologia: identificação de fragmentos, edição de textos e elaboração de comentários. Buscamos compreender a emergência de experiências públicas contemporâneas e suas historicidades com foco no Jornalismo em Quadrinhos (JQ). Consideramos a inter-relação entre ficcionalidade, testemunho e trauma na construção de historicidades.
Debate: 14h30 – 14h45
Sessão 4 – Jornalismo e suas dimensões conceituais (14h45 – 15h15)
Coordenação/Mediação – Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– Esquecimento, Apagamento e Silenciamento: Três operadores conceituais para análise da memória discursiva e um estudo de caso na história do jornalismo
Gabrielle Sevidanes (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF), Wedencley Alves (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
O presente artigo explora a potencialidade do conceito de memória discursiva em estudos de mídia. Condição do interpretável, e articulada ao campo da história e ao campo da linguagem, a memória discursiva é sempre constituída a partir de uma correlação de forças (ideologias) em que sujeitos se situam como posicionados em matrizes de sentido. Neste artigo, fundamentado na teoria dos processos discursivos, proposta por Michel Pêcheux na França e desenvolvida por Eni Orlandi no Brasil, trazemos os resultados de um estudo de caso, o da atriz Leila Cravo, vítima de violência de gênero. Nele, é possível observar processos de esquecimento, apagamento e silenciamento que ela sofrera por parte da mídia, processos estes inerentes à constituição da memória discursiva e arquivos.
– Livro-reportagem como ampliação do jornalismo na construção de narrativas
Yasmin Braga Lombardi (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
Este artigo discute o livro-reportagem como resposta às limitações do jornalismo tradicional, preso à pressa das hard news e à rigidez da periodicidade. Amparado nas ideias de Edvaldo Pereira Lima, o texto mostra como o gênero rompe com essas amarras, dando ao jornalista mais tempo, liberdade e espaço para desenvolver histórias com profundidade e sensibilidade. O livro-reportagem mistura a força da informação com os recursos da literatura, criando uma linguagem mais fluida e envolvente. Ele vai além do simples noticiar: busca compreender, contextualizar e provocar reflexões.
Debate: 15h05 – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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tarde (15h30 – 17h)
Sala 03 (Bloco I)
Sessão 5 – Jornalismo e autoritarismo (15h30 – 16h15)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF) e Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– Um guerrilheiro nos textos de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo na Veja: Carlos Eugênio Paz instrumentalizado na oposição às políticas de reparação do período ditatorial (1964-1985)
Lucas Guimarães Resende (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
Neste trabalho, refletiremos sobre seis textos dos ex-colunistas da Veja Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, que têm o ex-guerrilheiro Carlos Eugênio Paz como personagem principal mobilizado. Nosso olhar para os escritos de Nunes (2010; 2011; 2014) e de Azevedo (2011; 2012; 2014) busca perceber os movimentos de inscrição no mundo e de fazer mundos dos textos em questão, tensionando aspectos do tempo e da memória da ditadura civil-militar brasileira. Através da análise das colunas, propomos tatear como Paz foi instrumentalizado por uma parcela da direita brasileira do e no jornalismo, em disputas que tinham as políticas de reparação do período militar – principalmente a Comissão Nacional da Verdade (CNV) – na sua centralidade.
– História do jornalismo no Brasil frente às práticas censórias
Fernanda Nalon Sanglard (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG); Marina Mesquita Camisasca (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG); Amanda Rodrigues Pena (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG); Davison Henrique (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG)
O objetivo deste artigo é apresentar uma reflexão teórica sobre a história do jornalismo no Brasil tomando como base as discussões acerca dos conceitos de liberdade de imprensa e censura. O texto parte do pressuposto de que a história do jornalismo no Brasil está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento da esfera pública e às práticas de censura no país, por esse motivo é tão importante discutir o contexto histórico articulado a tais conceitos.
– Editora Alfa-Ômega e a produção do ‘livro-tarefa’ pelo retorno dos exilados ao Brasil
Marcio de Souza Castilho (Universidade Federal Fluminense – UFF); Mayra Lacerda de Carvalho (Universidade Federal Fluminense – UFF)
O trabalho tem o objetivo de examinar a atuação da editora Alfa-Ômega no período da abertura política no Brasil, no final dos anos 1970, com ênfase na análise crítica de Os exilados: 5 mil brasileiros à espera da anistia (1979), de Cristina Pinheiro Machado, um dos livros publicados pela editora durante o debate sobre o processo de anistia no Brasil. A metodologia inclui entrevistas com
a autora do livro e com a editora Claudete Mangarielo – cofundadora, ao lado do marido Fernando Mangarielo, da Alfa-Ômega. Buscamos verificar o papel desempenhado pelas fontes num contexto ainda marcado pela vigilância do aparato de repressão política sobre a produção cultural. A pesquisa sustenta que editores e jornalistas contribuíram, na frente editorial, para a construção da memória histórica sobre os significados da ditadura em longo prazo.
Debate: 16h – 16h15
Sessão 6 – Jornalismo para além das fronteiras (16h15 – 17h)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF) e Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– Do Estrella del Sur ao Pacificador do Perú: San Martin como pioneiro da guerra psicológica na América
Antonio Hohlfeldt (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS -UFRGS); Eduardo Comerlato (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC-RS)
O artigo examina o papel da imprensa nos processos de independência da América Hispânica, com ênfase na atuação estratégica de San Martin. A partir de um panorama das reformas ilustradas por meio da imprensa de exílio, notadamente em Londres, o texto mostra como o jornalismo se consolidou como instrumento fundamental na construção da opinião pública e na mobilização
revolucionária. Destacam-se experiências como a dos periódicos Correio Braziliense, Estrella del Sur, El Pacificador del Perú, Gaceta de Buenos Ayres e o Correo del Comercio. Nas conclusões, o foco recai sobre San Martin, não apenas como estrategista militar, mas como pioneiro no uso da comunicação impressa em campanhas de guerra e na formação de novas soberanias, aproveitando-se do contexto do enfraquecimento do sistema colonial espanhol.
– Páginas de Rebeldia: A História da Imprensa Moçambicana (1836-1975)
António Damião (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS); Taís Marina Tellaroli Fenelon (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS)
Este artigo analisa o surgimento e a resistência da imprensa moçambicana durante o período colonial, abrangendo dois séculos sob domínio português. Por meio de uma abordagem qualitativa e exploratória, o estudo examina artigos e jornais dessa época, destacando as estratégias de resistência à imposição política do governo colonial. O objetivo é mapear as restrições impostas aos meios de comunicação e identificar táticas como o uso de línguas locais, sarcasmo e ironia para burlar a censura. As conclusões reforçam o papel estratégico desses recursos na luta contra o controle político, oferecendo um panorama complexo do jornalismo na ex-colônia africana.
– Jornalismo esportivo e identidade: as (des)construções nacionalistas da Seleção Francesa à partir da repercussão do L’Equipe
João Pedro Ribeiro e Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
Este trabalho tem por objetivo apresentar possibilidades de como o jornalismo pode se apropriar das performances esportivas para mobilizar diferentes tipos de projetos nacionalistas. Para isso, serão analisadas verbo-visualmente 8 capas do veículo L’Equipe entre 1998 e 2016, comparando como a repercussão das performances da Seleção de futebol masculino da França em grandes competições refletem diferentes percepções identitárias de um povo sobre si mesmo. A análise busca compreender articulações de como parte da mídia do país encara as questões do multiculturalismo e da imigração.
Debate: 16h45 – 17h00
GT História da Mídia Alternativa
Coordenação Nacional: Rozinaldo Antonio Miani (UEL) e Célia Regina Trindade Chagas Amorim (UFPA)
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Tarde (14h00 – 15h15)
Sala 205 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 1 – Mídias alternativas e lutas por cidadania (14h – 15h15)
Coordenação/Mediação: Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
ABERTURA DAS ATIVIDADES DO GT: 14h – 14h15
– O papel da imprensa LGBT+ na luta contra a ditadura civil-militar e em prol da redemocratização do Brasil
Diogo dos Santos Mendonça (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF), Marco Aurélio Reis (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Este artigo analisa o papel dos jornais Lampião da Esquina (1978-1981) e ChanacomChana (1981 – 1987) na resistência LGBT+ durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) e sua influência na redemocratização. Com base na metodologia de estudo de caso (Yin, 2001) e no procedimento metodológico análise de conteúdo (Bardin, 2011), o estudo mostra como esses veículos alternativos enfrentaram a repressão em três eixos: denúncia da violência estatal, construção de identidades por meio da ressignificação de termos estigmatizados e articulação com outros movimentos sociais. Os resultados evidenciam o jornalismo alternativo como ferramenta essencial para a organização comunitária e a transformação social, destacando sua contribuição à resistência à ditadura e à construção de uma sociedade mais inclusiva.
– História e convergência: as mídias negras no século XXI
Gabriel Gustavo Ipólito Ribeiro / Karina Janz Woitowicz – Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
O artigo a seguir pretende rastrear o histórico de fundação de veículos de jornalismo antirracista brasileiros no ambiente digital. Com base em mapeamentos já produzidos, como o Mapeamento da Mídia Negra (Fopir, 2020) e a lista de mídias negras congregada por Cardoso (2025), se propõe a identificar o período com maior concentração de novos canais sendo criados, relacionando-o à evolução do processo de convergência midiática e também aos avanços das políticas de combate à desigualdade racial do país. A intenção é contribuir para uma visão mais ampla do contexto de criação e da prática jornalística das mídias negras brasileiras no ambiente digital.
– A imprensa negra em três atos: 1889, 1932 e 1950
Ronaldo Ribeiro Ferreira – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
Esse trabalho apresenta sinteticamente a imprensa negra a partir de um recorte temporal constituído de três momentos: o imediato pós-abolição, os primeiros anos do governo de Getúlio Vargas e o início da experiência democrática dos anos de 1950. Para isto, concentra-se na exposição de três periódicos representativos de seu tempo: Cidade do Rio, de propriedade do abolicionista José do Patrocínio, A Voz da Raça, órgão de divulgação da Frente Negra Brasileira (FNB), e Quilombo, editado por Abdias do Nascimento. O quadro analítico é pensado em termos do aparecimento do periódico, sua relação com o movimento negro no período e sua defesa às demandas sociais dos sujeitos negros de seu tempo. A guisa de conclusão, é traçado um paralelo entre as pautas de cada periódico e a construção do movimento negro no Brasil.
Debate: 14h45 – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (15h30 – 17h00)
Sala 205 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 2 – Mídias alternativas e resistências (15h30 – 17h00)
Coordenação: Rozinaldo Antonio Miani / Mediação
– O jornal Binômio como subversão à objetividade jornalística
Leticia Acosta Garcia (UFF), Higor Bispo (UFF), Carolina Irigoyen (UFF), Roger Gonçalves de Oliveira (UFF), Marcio de Souza Castilho (Universidade Federal Fluminense – UFF)
* Concorrente ao Prêmio José Marques de Melo
Este artigo analisa como o jornal Binômio pode ser entendido como uma subversão do ideal de objetividade jornalística ao utilizar o humor como instrumento de crítica política e midiática. Em um período em que a imparcialidade era, e ainda é, tratada como um pilar basilar do jornalismo profissional, o Binômio pode ser observado como uma mídia desafiadora desse modelo dominante. Por meio de uma linguagem satírica, sobretudo em sua primeira fase, o jornal estabeleceu um canal direto com o público – uma vez que seus jornalistas inseriram sua subjetividade em suas matérias -, colocando em xeque a neutralidade – consciente disso ou não – da imprensa tradicional, propondo uma forma engajada e contestadora de fazer jornalismo.
– O personagem Barão de Itararé e o jornalista Apparício Torelly
Jairo Faria Mendes – Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)
O jornalista Apparício Torelly é a nossa primeira grande referência no jornalismo do uso do humor para a crítica política e social. Através do jornal A Manha, que circulou de 1926 até a década de 1950, criticou as elites brasileiras, por isto, Apparício foi perseguido e preso. Um dos pilares de seu humor, em A Manha, era seu heterônimo Barão de Itararé, personagem pelo qual o tornou famoso e pelo qual era reconhecido. Esse artigo tenta fazer o resgate da história do Barão de Itararé, suas características, sua história. É a tentativa de retomar a ideia de Graciliano Ramos, que quando estava preso com Aparrício, cobrou deste que fosse feita uma biografia do Barão. Apparício se comprometeu e até tentou iniciar o projeto, mas este nunca foi realizado.
– “Nasce um jornal”: o anúncio do surgimento do jornal Movimento e um grande impulso na história da imprensa alternativa
Rozinaldo Antonio Miani – Universidade Estadual de Londrina (UEL)
A história da imprensa alternativa no Brasil é marcada pela existência de mais de uma centena de publicações que se espalharam por todo o país, algumas mais longevas outras apenas episódicas. Nesse contexto da imprensa alternativa, uma das mais importantes experiências foi, sem dúvida, o jornal Movimento, que circulou entre julho de 1975 e novembro de 1981. Desde as articulações para sua criação, passando pelo lançamento de um “suplemento de lançamento”, já se anunciava qual seria o seu lugar na conjuntura política da época. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é analisar a publicação “Nasce um jornal”, considerada a “certidão de nascimento” do jornal Movimento, buscando ratificar sua concepção enquanto uma experiência comunicativa alternativa, autodefinida como jornalismo independente, bem como identificar e compreender as bases de seus projetos organizativo e político-editorial.
– O jornalismo de A Sirene como prática de justiça simbólica: memória e comunicação após o desastre
Larissa Helena Pereira de Oliveira – Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru)
Este artigo analisa o jornal A Sirene, criado pelos atingidos do rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), como uma ferramenta de reparação simbólica e luta. A partir do conceito de comunicação comunitária, definida por Cicilia Peruzzo, discute-se como o jornalismo pode atuar na reconstrução do pertencimento, da dignidade e da narrativa dos próprios atingidos. O estudo também dialoga com os trabalhos de Fabiana Moraes, sobre escolha de pauta e ética da escuta, e de Muniz Sodré, a respeito da midiatização e disputa simbólica. A noção de solastalgia foi incorporada como categoria essencial para compreender os efeitos afetivos da perda territorial. Com base na análise de reportagens, observa-se como A Sirene rompe com os modelos tradicionais da imprensa ao escutar, acolher e publicar histórias contadas por quem foi e ainda é silenciado. Dez anos após o rompimento, o jornal ainda é exemplo de mídia que informa, repara, transforma e preserva a memória.
– Epistemologia da Sobrevivência: Voz das Comunidades e a Batalha Narrativa contra a Necropolítica nas Favelas do Rio
Adriano Mello Rodrigues – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Este artigo analisa como a comunicação comunitária funciona como resistência à necropolítica nas favelas do Rio de Janeiro. Através da análise de discurso crítica e comparativa, investiga-se a cobertura da morte do jovem Herus Guimarães Mendes pelo portal G1 e pelo jornal Voz das Comunidades. Argumenta-se que a mídia hegemônica, sob o véu da neutralidade, pratica uma “epistemologia da dominação”, neutralizando a barbárie estatal por meio da falsa simetria. Em contraste, o Voz das Comunidades opera a partir de uma “epistemologia da sobrevivência”, validando o testemunho popular e construindo uma contranarrativa que disputa a memória e afirma a dignidade em face da violência de Estado.
Debate: 16h20 – 17h00
GT História das Mídias Audiovisuais
Coordenação Nacional: Jhonatan Alves Pereira Mata (UFJF) e Mariana Ferraz Musse (ESPM-RJ)
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 103 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 1 – Audiovisualidades e gênero (14h – 15h15)
Coordenação/Mediação – Karina Gomes Barbosa (UFOP)
– “A Substância” Diz Muito Mais Do Que Sobre Envelhecimento: Possíveis Diálogos E Uma Análise Feminista Crítica
Tatiane Moreira Análio – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
O presente artigo é uma análise crítica fundada em estudos gendrados e comunicacionais sobre o filme de 2024 “The Substance” (“A Substância”). Com direção da roteirista e diretora francesa Coralie Fargeat e duração de 140 minutos, a película enquadrada no gênero de “horror” fala, essencialmente, sobre a pressão estética que mulheres mais velhas enfrentam na sociedade. Pensando em um diálogo mais profundo em conversa com autores como Gayle Rubin e Aldana Reyes, e embasado na Análise do Discurso (AD) de filiação francesa de Michel Pêcheux, o estudo aponta para outras possibilidades interpretativas e meandros que a obra evoca.
– A Masculinidade e o Lugar Da Mulher Na Cultura Gangsta
Cassiano Lucas dos Santos – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
O presente artigo discute a ascensão do Hip-Hop enquanto fenômeno social e como uma de seus principais gêneros, o Gangsta Rap, se conectou a diversos segmentos e subculturas das comunidades racializadas estadunidenses. Abarcado nesse contexto e com conceitos e discussões de bell hooks, Patricia Collins e outros autores, a provocação aqui exercitada almeja também compreender o lugar ativo de perpetuação de violência dos homens racializados em relação às mulheres de suas comunidades, seja de maneira direta ou através da perpetuação de preceitos racistas e misóginos.
– Entre anjos e putas: a representação da imagem da prostituta em Verdades Secretas
Isadora Ribeiro Silva – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Apoiando-se nos estudos de gênero, sexualidade e de televisão, esta pesquisa busca analisar de que forma a imagem da prostituta é apresentada dentro da telenovela Verdades Secretas (2015). Para isso, será averiguado como as questões de gênero e sexualidade são trazidas pela representação da prostitutição no produto televisivo apresentado; além de investigar como o enredo constrói o que é ser uma prostituta dentro da trama. Como metodologia de pesquisa, a partir da Análise do Texto Televisivo de John Fiske (1987) foi proposto um roteiro de análise televisiva que prevê a descrição das cenas selecionadas. Dessa maneira, é possível afirmar que os meios de comunicação em massa têm o poder de construir sentidos sobre o que é ser mulher e o que é ser uma prostituta a partir da telenovela.
– Entre o hospício e a narrativa: personagens femininas e a loucura nas novelas da Rede Globo (2015 – 2025)
Natalia Lima Amaral- Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); Karina Gomes Barbosa – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Esta pesquisa busca identificar personagens femininas internadas por conta do estigmada loucura nas telenovelas da TV Globo exibidas entre janeiro de 2015 e junho de 2025 nos horários das 18h, 19h e 21h. A partir deste levantamento de dados, analisamos e identificamos as narrativas estereotipadas que submetem tais mulheres ficcionais à internações psiquiátricas, dentro de um regime de historicidade que reforça a loucura feminina. Com base em autoras como Showalter (1987), Butler (2024) e Lopes (2002), procuramos compreender como tais narrativas atualizam dispositivos históricos de controle social e simbólico sobre mulheres nas telenovelas brasileiras.
– Sub-representação e Olhar Masculino: Evolução Histórica da Participação da Mulher no MCU
Ariane Stéfanie da Silva – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
O artigo pretende investigar a evolução histórica da participação da mulher no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Pontuamos a questão do olhar masculino no cinema (Mulvey, 1989), articulando com o pouco espaço para o feminino nos filmes de super-herói (Brown, 2017). Para a análise, os 36 filmes do MCU lançados até o momento foram selecionados, buscando entender em quais deles há mulheres em espaço de destaque tanto na narrativa, como protagonistas, co-protagonistas e vilãs, quanto em cargos nos bastidores, como direção, roteiro, fotografia e edição. Os resultados mostraram que, apesar de certa evolução, a sub-representação feminina continua na franquia e o MCU ainda se mantém como um espaço majoritariamente masculino.
Debate: 14h50 – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 203 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 2 – Jornalismo e Audiovisual (14h – 15h15)
Coordenação/Mediação – Christina Ferraz Musse (UFJF)
– Jornalismo audiovisual no Instagram: memória e apagamento da infância na guerra Israel-Palestina
Christina Ferraz Musse- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Raphael Domingos de Ávila – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Débora Mattos Costa – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
A guerra entre Israel e a Palestina, iniciada em 07 de outubro de 2023, depois do ataque terrorista do grupo Hamas, que assassinou mais de mil pessoas no território israelense, provocou, em dezoito meses, até junho de 2025, a morte de mais de 50 mil civis, em sua maioria mulheres e crianças, na Faixa de Gaza, totalmente bloqueada pelo Exército israelense. O bloqueio provoca falta de alimentos e remédios, mas também um apagão de informações, pela impossibilidade do acesso dos grandes veículos de mídia ao território. Em contrapartida, jornalistas independentes e amadores realizam a cobertura pelas redes sociais. A análise dos vídeos de dois perfis de repórteres palestinos no Instagram revela a rotina da guerra, com destaque para as crianças, e produzem uma nova ambiência midiática, marcada pela instantaneidade, fragmentação e saturação.
– Proposta Metodológica Para Análise do Jornalismo Audiovisual Fronteiriço a Partir das Ideias Decoloniais
José Tarcísio da Silva Oliveira Filho – Universidade Federal de Roraima (UFRR)
O artigo problematiza o telejornalismo brasileiro, em especial o produzido em regiões de fronteira, por meio da perspectiva epistemológica-política dos estudos decoloniais. Através da metodologia de pesquisa bibliográfica, incluindo abordagem histórica, aciona aportes teóricos sobre telejornalismo contemporâneo, fronteiras e decolonialidade, com o intuito de estabelecer pressupostos metodológicos para análise das narrativas jornalísticas audiovisuais produzidas em e sobre regiões de fronteira. O telejornalismo é tomado como lugar de referência na sociedade brasileira, sendo um espaço privilegiado para a circulação de narrativas que contribuam para o giro decolonial, quando pessoas afetadas pelo colonialismo moderno adquirem atitudes para se distanciarem dos imperativos que são impostos às elas, como a colonialidade do saber, poder e ser.
– O Primeiro Mês da “Guerra Contra o Hamas” no Fantástico
Rodrigo Castro – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Este artigo analisa o primeiro mês da guerra de Israel contra o Hamas na cobertura jornalística do programa dominical Fantástico, da Rede Globo, através das imagens que compõem as narrativas das reportagens. A análise evidencia que o orientalismo, conforme definido por Edward Said (2007), reforça estereótipos de árabes violentos e revoltosos. Além disso, ainda exerce muita influência no enfoque do jornalismo acerca de temas do Oriente Médio, principalmente num momento de crise como o desencadeado agora, através de fontes oficiais do exército israelense que dominam a narrativa do conflito.
– O Telejornalismo e os Acontecimentos Históricos: usos memoráveis a respeito da identidade nordestina
João Pedro Tínel (UNEB), Andréa Cristiana Santos (UNEB)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Esta pesquisa analisa os usos memoráveis de acontecimentos históricos produzidos pelo telejornalismo no sentido de contribuir para a ruptura dos apagamentos e estereótipos criados sobre a região Nordeste e suas identidades. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa de natureza documental que utiliza a Análise Crítica do Discurso (Dijk, 2005), a partir do corpus analítico da série de reportagens especiais “1822 – Uma Conquista dos Brasileiros” e “Viva São João”, exibidas no Fantástico entre 14 de agosto e 4 de setembro de 2022, e no dia 24 de julho de 2024, respectivamente. Comprova-se que o discurso da mídia evocou tessituras memoráveis para colaborar com novas significações a respeito de acontecimentos históricos, recorrendo às fontes científicas e populares que permitem ressignificar estereótipos a respeito da identidade nordestina.
Debate: 14h40 às 15h
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (15h30 – 17h00)
Sala 103 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 3 – Telenovela e representação (15h30 – 17h)
Coordenação/Mediação – Guilherme Moreira Fernandes (UFRB)
– O Direito à Herança em Relações Homoafetivas na Telenovela Vale Tudo
Victoria Oliveira Mercês – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Guilherme Moreira Fernandes – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
* Concorrente ao Prêmio JMM.
A pesquisa é uma análise da telenovela da representação das homossexualidades em Vale Tudo (1988), exibida em contexto de censura. O objetivo consistiu em abordar a temática do direito à herança no relacionamento homoafetivo das personagens Laís e Cecília. A metodologia combinou a técnica de decupagem, análise categorial temática e pesquisa em acervos jornalísticos digitais. O estudo revelou como o debate sobre o direito à herança entre casais homoafetivos foi estrategicamente inserido na narrativa, evidenciando como a telenovela tensionou os limites da representação da homossexualidade e antecipou debates jurídicos que só ganhariam respaldo legal décadas depois.
– Mamãe Dolores e o Lugar do Negro na Integração Nacional em O Direito de Nascer (1964)
Rhayller Peixoto – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O trabalho, parte da tese de doutorado “Como se representa um trauma histórico: a escravidão na teledramaturgia da Rede Manchete (1983-1999)”, discute a assimilação da personagem Mamãe Dolores, de O Direito de Nascer (Tupi, 1964), a partir de dois pensadores. Primeiro, trata da relação senhorial vista em Casa-Grande & Senzala (FREYRE, 1964). Depois, lança mão do conceito de imagens de controle (COLLINS, 1993) em diálogo com o pensamento de Lélia Gonzalez (2020) para situar a personagem na estrutura das telenovelas brasileiras. O discurso de integração nacional promovido pela ditadura militar e o sucesso da telenovela, que estreou poucos meses após o Golpe Militar, colocam Mamãe Dolores no centro de uma discussão sobre a integração do negro na sociedade pós-escravista.
– A nostalgia na vinheta de abertura do remake de Vale Tudo
Dowglas Franco Mota – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Christina Ferraz Musse – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O conceito de “vinheta”, após percorrer um longo trajeto na história da comunicação, foi ressignificado no contexto da televisão, apropriando-se de recursos musicais, visuais e cênicos. Paralelamente, a telenovela consolidou-se como um dos principais produtos culturais brasileiros, tornando-se objeto de apreciação e identificação para milhões de telespectadores. Na telenovela, a vinheta de abertura desempenha a função de inserir o público no universo da narrativa, apresentando significados e construções simbólicas que antecipam os temas centrais da trama. O presente artigo tem como objetivo analisar as características narrativas das vinhetas de abertura, com especial atenção aos elementos nostálgicos nelas presentes, atuando como estratégias discursivas voltadas à mobilização da memória afetiva e ao engajamento do público.
– A Representação do Prazer com a Tortura em “Roda de Fogo”: Ficção e Realidade na Teledramaturgia no Contexto de Censura Federal
Guilherme Moreira Fernandes – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Este artigo analisa a representação da prática da tortura durante o período militar na telenovela “Roda de Fogo” (1986) de Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, por meio da personagem Maura, uma militante de esquerda e ex-esposa do protagonista Renato; e seu torturador Jacinto, mordomo e namorado do antagonista Mário. A análise se dá através de documentação que envolve os capítulos da trama, documentos censórios e a repercussão no jornalismo. A partir da vertente ficção e realidade (Motter) realiza-se uma comparação a partir do depoimento da atriz Bete Mentes, torturada pelo cel. Brilhante Ustra durante a ditadura militar, e percebe-se elementos comuns entre a telenovela e os crimes da ditadura.
Debate: 16h10 – 16h30
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Tarde (15h30 – 17h)
Sala 203 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 4 – Audiovisualidades e subjetividades (15h30 – 17h)
Coordenação/Mediação – Guilherme Furutani (UFMG)
– Dança e Audiovisual: Para Além Das Fronteiras Convencionais
Carlos Eduardo Guimarães – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Alessandra Souza Melett Brum – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Andréa Bergallo Snizek – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
O artigo investiga a videodança como linguagem híbrida entre dança e cinema, explorando as tensões que borram as fronteiras convencionais entre essas artes. A partir da análise da obra “Pra tirar você da chuva”, discute-se como as classificações variam entre videodança, filme de dança e curta metragem, conforme exigências de editais e festivais. Observa-se que artistas adaptam suas nomenclaturas e estratégias para ampliar a circulação de suas obras. A presença de elementos cinematográficos, como roteiro, decupagem e direção de arte, revela o diálogo entre corpo e câmera. A videodança surge, assim, como território em expansão, afetado pelas transformações das mídias digitais e pelas práticas contemporâneas de criação.
– Para além do entretenimento: o I Festival Internacional de Cinema de Animação no Brasil (1965) e a animação como Arte
Guilherme Furutani – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Este artigo analisa o I Festival Internacional de Cinema de Animação no Brasil, evento realizado durante a VIII Bienal de São Paulo, em 1965. Buscando ir além de um registro cronológico, a pesquisa investiga como o festival, que exibiu mais de 150 filmes de animação de 11 países em seus 24 programas, atuou na legitimação da animação como forma de arte. A análise de sua programação, que contou com obras de Lotte Reiniger, Roberto Miller, R. F. Lucchetti, dentre outros; explora a animação realizada com diversas técnicas (stop-motion, marionetes, abstrata) e propósitos (cinema, TV, educacional e propaganda). Ao contextualizar a mostra e figuras pioneiras como Émile Reynaud e Émile Cohl, o estudo demonstra como o festival refutou a ideia de animação como apenas entretenimento infantil, ressaltando sua importância histórica e artística.
– Waltinho ao pé do ouvido: Como a maneira afetiva no trabalho do diretor Walter Salles reflete nos seus filmes?
Luciano Olivieri Soares – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O objetivo do artigo é analisar a maneira particular que o diretor de cinema Walter Salles imprime em seu trabalho de filmagens que é conhecido por ter uma prática muito particular e afetuosa com todos os seus atores e membros de equipe. Buscando com isso compreender o efeito dessa postura com o resultado final do seu trabalho. A hipótese inicial é de que assim o diretor consegue tocar no que há de mais sensível dos atores. A metodologia parte da observação participativa do autor que atuou na figuração de elenco do filme Ainda estou aqui que foi gravado pelo diretor aqui citado durante o ano de 2023 no Rio Janeiro.
– Quando a revolução não pode ser televisionada: reflexões sobre mídia e memória coletiva no documentário Summer of Soul (2021)
Bianca de Oliveira Andrade – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Heloá dos Santos – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Lavínia Vilela França – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mariah Augusta Vaz de Carvalho Ávila – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Pedro Antun Lavigne Lemos – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
* Concorrente ao Prêmio JMM
Nesse ensaio, buscamos refletir sobre a construção da memória de caráter coletivo pela mídia. Para isso, realizamos uma análise semiótica do documentário Summer of Soul ou,(Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada) (2021). Nos respaldamos nos conceitos de mídia como dispositivo, de Ana Luísa Ruggieri (2017); a semiótica como ferramenta de análise, de Martine Joly (2007); e memória de caráter coletivo como resultante dessa relação, de Luciana Amormino (2024). Concluímos que o documentário atua como ferramenta na recuperação da memória coletiva, ao evidenciar a mídia como vetor de uma narrativa hegemônica.
– A Representação de Práticas Sadomasoquistas Homossexuais na Telenovela “Roda de Fogo”
Marina Mota Bittencourt- – Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Guilherme Moreira Fernandes – Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).
* Concorrente ao Prêmio JMM
Resumo: A pesquisa buscou estudar a vivência homossexual e a representatividade na mídia durante um período de censura às diversões públicas, usando a novela Roda de Fogo como objeto de estudo. Em meio a isso, a prática do sadomasoquismo foi eleita como ponto central da representação do par romântico gay. Foi feita uma análise a partir de dupla materialidade: 1) análise das cenas relevantes; 2) análise das matérias jornalísticas encontradas em acervos online. Dessa forma, foi possível pôr em prática os estudos feitos sobre representação e identidade, com um comparativo com a realidade.
Debate: 16h20 – 16h45
GT História da Mídia Digital
Coordenação Nacional: Marco Aurélio Reis (UFJF/SEE-MG) e Antônio Simões Menezes (UEPB)
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 206 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 1 – Arquivos do Invisível: Plataformas, Memória e Jornalismo de Resistência (14h – 15h15)
Coordenação/Mediação: Marialva Barbosa (UFRJ) e Marco Aurelio Reis (UFJF)
– Plataformização de memórias subterrâneas: as narrativas das Lavadeiras do Arado de Juiz de Fora
Marco Aurelio Reis (UFJF), Cláudia Thomé(UFJF), Guilherme Fortunato Ferreira(UFJF), Frederique Vasconcellos (UFJF)
O artigo analisa a potencialidade da plataformização de “memórias subterrâneas” no projeto “Boa Vizinhança: Memórias e Narrativas de Resistência – Lavadeiras do São Benedito”, projeto cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão da UFJF, que utiliza estratégias de Plataformização de Oralidades e Lugares de Luta Ancestral Coletiva para resgatar e difundir narrativas marginalizadas. O foco recai sobre o resgate das histórias das lavadeiras do Morro do Arado e a criação de produtos midiáticos para redes sociais digitais e aplicativos de conversa, promovendo uma memória digital ativa. A metodologia combina história oral, produção audiovisual e engajamento comunitário, evidenciando como a plataformização pode se configurar um ato de resistência cultural.
– Resgatar para Lembrar: O Projeto Rede Minas Memória como Ferramenta de Preservação
Frederico Ângelo (UFMG), Daniela Rodrigues ( Faculdade Venda Nova do Imigrante, Minas Gerais)
O presente artigo analisa o Projeto Rede Minas Memória, iniciativa voltada à digitalização, curadoria e divulgação do acervo audiovisual da emissora pública Rede Minas. Criado em 2019, o projeto promove o resgate de registros históricos da emissora e do Estado de Minas Gerais, especialmente por meio da sua difusão em plataformas digitais. O estudo tem como objetivo identificar os conteúdos de maior engajamento no perfil da emissora no Instagram e analisar os comentários dos usuários à luz da memória afetiva e das experiências evocadas. A metodologia adotada consistiu no levantamento de dados quantitativos (curtidas, comentários e visualizações) e qualitativos (temas, categorias e interações textuais) dos cinco vídeos mais acessados até novembro de 2023. Os resultados revelam que conteúdos relacionados às décadas de 1990 e 2000, nas categorias “História” e “Personagens”, são os que despertam maior identificação e evocação emocional entre os usuários. Conclui-se que o Projeto Rede Minas Memória cumpre papel relevante na ativação da memória coletiva e afetiva por meio da valorização do patrimônio audiovisual mineiro.
– Jornalismo e Memória Social: Análise das Estratégias Discursivas do Sistema O Dia no Instagram
Cristiane Portela de Carvalho (UFPI), Nilsângela Cardoso Lima (UFPI)
Este trabalho analisa as estratégias discursivas do Sistema O Dia no Instagram (@sistemaodia), a fim de compreender como este grupo piauiense contribui para a construção da memória social nos dias atuais. O referencial teórico inclui autores como Miranda (2021), Palacios (2014) e Nora (1993), dentre outros que enriquecem a discussão da temática. A metodologia utilizada é a Análise do Discurso, fundamentada em Foucault (2009; 2010), a fim de analisar o corpus da pesquisa, composto pelas publicações do Sistema O Dia no Instagram. Conclui-se que as narrativas, além de sucintas, incluem assuntos diversos e utilizam linguagem direta, como forma de atingir o público cada vez mais direcionado para leituras velozes.
– A rememoração de um crime: uma análise sobre a função social do jornalismo no podcast Praia dos Ossos
Nayara Zanetti(UFJF), Marco Aurélio Reis (UFJF)
Tendo em vista o papel da mídia na construção social de narrativas históricas, este artigo busca observar as mudanças na cobertura jornalística do caso do assassinato da socialite Ângela Diniz pelo namorado Doca Street, ocorrido em 1976, a partir do podcast Praia dos Ossos, lançado em 2020. O trabalho utiliza o método proposto por Becker e Waltz (2023) para analisar a reportagem em áudio a partir de sete dimensões, com o objetivo de compreender se os debates apresentados no programa acompanham as transformações da sociedade, colaboram para ampliação do debate público acerca do tema feminicídio e para a formação de uma cidadania consciente e crítica. Como resultado encontrado, conclui-se que o podcast atua como ferramenta para a construção de uma cidadania crítica, estimulando a reflexão sobre a violência de gênero e a responsabilidade do jornalismo.
Debate: 15h – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (15h30 – 17h)
Sala 206 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 2 – Influência Algorítmica: Performances de Gênero, Cultura Pop e Subjetividades Digitais (15h30 – 16h45)
Coordenação/Mediação: Alice Gatto (Unifeso) e Isaura Mourão Generoso (UFV)
– Influenciadores e seu lugar de legitimidade: uma análise de conteúdo da influenciadora Virgínia Fonseca
Ana Beatriz Rocha- Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), Alice Gatto (Museu da Vida Fiocruz/ Casa de Oswaldo Cruz)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Este artigo discute a origem do lugar de legitimidade dos influenciadores digitais. O objetivo é relatar o que já se sabe a respeito dos influenciadores digitais e analisar a influenciadora Virgínia Fonseca. Para tanto, foi utilizado a categorização de conteúdos descritos por Issaaf Karhawi: conteúdo horizontal; conteúdo íntimo; conteúdo coconstruído; conteúdo comunal; conteúdo plataformizado, além de uma revisão na literatura para investigar o lugar de legitimidade do influenciador. Os resultados indicam que o lugar de legitimidade vem a partir do olhar do seguidor, que valida sua autenticidade performática. Através da análise dos conteúdos publicados pela Virgínia Fonseca, foi possível encontrar conteúdos horizontais, íntimos, comunais e plataformizados. Não foram encontrados conteúdos transmídias e coconstruídos.
– Quem são as esposas tradicionais? Mapeamento de perfis nas plataformas digitais
Simone Cândida(UFJF), Cláudia Thomé (UFJF)
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa sobre influenciadoras que performam discursos de submissão feminina nas redes sociais digitais. A investigação analisou conteúdos de Instagram, TikTok e YouTube, com dados públicos e menções na mídia dos Estados Unidos e do Brasil, em 2024. Foram mapeados 18 perfis no Instagram, classificados em três categorias: tradwife, esposa troféu e esposa religiosa. A análise mostra como esses discursos se estruturam em valores cristãos, ideais de maternidade e dedicação ao lar, articulados à monetização e à lógica algorítmica. O estudo revela como esses modelos femininos, baseados na submissão, ganham visibilidade nas plataformas, combinando estratégias afetivas, simbólicas e técnicas da cultura digital.
– Das Gravadoras à Lógica dos Algoritmos: Os Dilemas Históricos do Marketing Musical
Aleister Mariano Lima(UFV), Isaura Mourão Generoso (UFV)
* Concorrente ao Prêmio JMM
A partir de uma perspectiva histórico-conceitual, este artigo investiga a transição do marketing musical da era analógica das grandes gravadoras para a lógica algorítmica contemporânea das plataformas digitais. A análise parte de uma revisão bibliográfica crítica e aponta como os artistas, antes subordinados a estruturas editoriais rígidas, hoje enfrentam novas formas de centralização
mediadas por algoritmos. A música, cada vez mais vinculada à lógica da viralização e ao engajamento nas redes sociais, passa a ser criada e distribuída segundo padrões de performance digital. Observa se, assim, que o poder de curadoria permanece ativo, apenas deslocado para os sistemas técnicos das plataformas, criando tensões entre originalidade artística e visibilidade algorítmica.
– A Banalização Do “Cativar”: A Narrativa Superficial de “O Pequeno Príncipe” no TikTok e a Padronização do Pensamento
Helena Dias da Silva (UFJF), Marco Aurélio Reis (UFJF)
No presente artigo, procura-se apresentar a forma como a obra “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, é apresentada na rede social TikTok. Apontando um conteúdo superficial na plataforma, por meio de uma metodologia mista, descritiva e bibliográfica, comprova-se que a relação do jovem atual com o mundo e suas rasas conexões interpessoais afeta as reflexões e a profundidade que se atribui à obra, faltando com assuntos diversos e complexos levantados por Exupéry.
Debate: 16h30 – 17h
GT História da Mídia Impressa
Coordenação Nacional: Jessé Andrade Santa Brígida (UFPA) e Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 105 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 1 – Da Rua ao Suplemento: Práticas e Disputas na Mídia Impressa (14h – 14h45)
Coordenação/Mediação – Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
– Memórias de um Manuscrito: mapeamento de ternos de reis no período de 1910 a 1950 em Juazeiro (BA)
Maria Luiza do Nascimento Martins (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
Andrea Cristiana Santos (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
* Concorrente ao Prêmio JMM
A pesquisa investiga manuscritos da professora Maria Franca Pires que registram aspectos culturais da manifestação dos ternos de reis que ocorreram entre 1901 e 1950, em Juazeiro (BA). A pesquisa de natureza qualitativa e documental faz análise de conteúdo do caderno manuscrito, no qual consta as temáticas dos ternos (sociais, religiosidade, comidas típicas), autoria da composição musical e vestimenta dos grupos. No caderno, foram identificados 51 ternos, destes seis foram submetidos à análise historiográfica. No tocante aos autores, foram registrados três compositores. A partir da materialidade manuscrita, compreende-se o reisado como uma prática cultural que evidencia a identidade cultural, tradição e costumes juazeirenses.
– Algo de novo e atual: tensões entre tradição e modernidade no Caderno 2 no Jornal O Estado em Florianópolis
Giovanni de Sousa Vellozo (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC)
Na trajetória do jornalismo impresso brasileiro, o período de meados do século XX é marcado pela proliferação de suplementos e cadernos voltados para o Jornalismo Cultural. Nessa toada, o jornal O Estado, de Florianópolis (SC), implantou o seu Caderno 2 na virada entre 1967 e 1968, com um discurso destacando o aspecto de modernidade no conteúdo de sua nova seção. Esse artigo busca problematizar essa afirmação, verificando a presença de conteúdos no Caderno que tratam da construção de uma memória sobre o jornal O Estado e a cidade. A partir de uma análise documental com recorte nas reportagens fotográficas dos três meses iniciais do Caderno, o artigo discute a presença de as tensões entre as defesas de tradição e modernidade no contexto florianopolitano dentro da nova seção do jornal.
– Os protagonistas das ruas: O papel dos livreiros ambulantes do século XX na popularização da literatura no Rio de Janeiro
Lara Mansur (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Marialva Barbosa (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Resumo: Este texto pretende explorar o papel dos comerciantes informais de livros na construção de uma literatura voltada para os grupos populares no fim do século XIX e no início do século XX no Rio de Janeiro. A pesquisa que guia esse artigo se baseou em duas frentes distintas: a análise dos arquivos do acervo da Hemeroteca Digital Brasileira em busca da ocorrência de três termos específicos relacionados aos livreiros informais (livros, livreiros e vendedores de livros) nos periódicos cariocas entre os anos de 1875 e 1915 e a leitura de trabalhos teóricos cujo foco seja a disseminação da palavra impressa no país no final do século XIX e início do século XX.
Debate: 14h30 – 14h45
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 106 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 2 – Cartografias da Cultura Impressa (14h – 14h45)
Coordenação/Mediação – Jessé Santa Brígida (UNAMA)
– As histórias que os livros nos contam e as histórias que contamos sobre os livros
Vanessa Martins (Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG)
O presente artigo discute aspectos históricos do desenvolvimento do livro impresso na Europa e realiza uma análise bibliográfica da obra The Most Notable Antiquity of Great Britain, vulgarly called Stone-Heng, on Salisbury Plain, restored (1725), de Inigo Jones. Consideramos que o livro impresso não é apenas um repositório de textos, mas também um objeto material carregado de significados culturais, sociais e técnicos. Assim, o estudo contextualiza a produção editorial do período, e, em seguida, aplica os princípios da bibliografia analítica Gaskell (1972) para examinar a edição de 1725. Conclui-se que a obra constitui um exemplo significativo do entrelaçamento entre forma material, produção intelectual e aspectos de legitimação no contexto da cultura impressa do século XVIII.
– Editoras e livros na formação do imaginário estudantil de 1968
Luís Francisco Munaro (Universidade Federal de Roraima – UFRR)
Este artigo discute o papel das editoras e dos livros na formação do imaginário político e cultural da geração estudantil de 1968 no Brasil. Por meio de uma abordagem que busca recursos na história das ideias e da materialidade da leitura, mapeia obras e editoras que influenciaram os jovens em um período de efervescência ideológica, contestação política e emergência de novos paradigmas culturais. Editoras como Civilização Brasileira, Brasiliense e Zahar Editores publicaram obras de autores como Marx, Marcuse, Gramsci, Joyce e Hesse, contribuindo para moldar a mentalidade revolucionária e contestadora da época. A análise mostra como a leitura se tornou uma prática fundamental da subjetividade estudantil, impulsionando debates sobre socialismo, dependência econômica e o “parto de um novo homem”.
– A Crônica-Perfil como um Subgênero nas Colunas de Eliane Brum
Letícia de Souza Lapa (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF), Rodrigo Fonseca Barbosa (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Investigação sobre os encontros entre os gêneros crônica e perfil na obra A Vida que ninguém vê, bem como a explicitação sobre o que é a crônica, as suas características e alguns exemplos, e, ainda, foi-se também apresentado as tipologias do gênero perfil. Ao final, foi realizada uma análise de conteúdo do livro, separando trechos das colunas que comprovem a existência de um gênero híbrido, a crônica-perfil.
Debate: 14h30 – 14h45
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (15h30 – 16h15)
Sala 105 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 3 – Narrativas Decoloniais e Representações na Mídia Impressa (15h30 –
16h15)
Coordenação/Mediação – Jessé Santa Brígida (UNAMA)
– Colonialidade e livros: uma breve abordagem histórica sobre o mercado editorial brasileiro
Thaís Cristina Afonso de Jesus (Universidade de São Paulo – USP)
O presente trabalho analisa componentes da formação do mercado editorial brasileiro a partir de uma perspectiva histórica. Investiga-se como a introdução da tipografia, a ação de editores e livreiros – muitos deles estrangeiros –, e a relação com o Estado, moldaram um modelo elitizado e concentrado no país. A pesquisa fundamentada em abordagem bibliográfica, dialoga com abordagens decoloniais ao refletir sobre a relação da cultura editorial anglo-europeia na composição nacional. Nesse sentido, o estudo contribui para a revisão crítica da história da mídia impressa, ressaltando as tensões entre comunicação e poder na constituição do mercado editorial no Brasil.
– Decolonialidade Narrada: Uma Leitura Hermenêutica das Crônicas de Rachel de Queiroz na Revista O Cruzeiro
Ranielle Leal Moura (Universidade Federal do Piauí – UFPI)
O presente artigo tem como objetivo compreender como Rachel de Queiroz, nas narrativas de suas crônicas publicadas na Revista O Cruzeiro, abordou o decolonialismo, propondo a seguinte hipótese: ao refigurar as experiências e realidades do Nordeste e de seus sujeitos, as crônicas da autora subvertem as lógicas dominantes, oferecendo perspectivas decoloniais sobre o tempo e o território. A inspiração analítica tem base teórico-filosófica na hermenêutica e, portanto, pretende interpretar as narrativas das colunas da escritora e jornalista tendo como parâmetro o Círculo Hermenêutico de Paul Ricoeur (2010). A partir da Teoria da Ação e Interpretação deste autor, em que as estruturas de pré figuração, configuração e refiguração das ações narradas ganham projeção no modo de narrar o mundo em seu tempo, a intenção é perceber, através da interpretação dessas crônicas, traços que
possam evidenciar essa decolonialidade.
– “O Tempo” e a cobertura dos ataques racistas ao jogador Vini Jr.
Natane Heloisa Pereira Generoso (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Pedro Henrique Magalhães Mendonça (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
Esta pesquisa analisa como o jornal “O Tempo” abordou os casos de racismo contra Vinicius Júnior no futebol espanhol, utilizando o protocolo analítico do acontecimento (Mendonça; Generoso, 2025) para examinar três dimensões: (1) enquadramento narrativo (estratégias discursivas e manchetes); (2) fabulação da realidade (construção de protagonistas, antagonistas e coadjuvantes); e (3) mecanismos linguísticos (tom editorial e figuras de linguagem). Os resultados revelam que a cobertura oscilou entre denúncia contundente, quando destacava a recorrência dos ataques, e neutralidade institucional, ao priorizar respostas punitivas pontuais, muitas vezes minimizando a dimensão estrutural do racismo. A análise de seis notícias demonstrou que Vini foi representado como vítima e resistência.
Debate: 16h00 – 16h15
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Tarde (15h30 – 16h15)
Sala 106 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 4 – Feminismos, Dissidências e Representações de Gênero na Imprensa (15h30 – 16h15)
Coordenação/Mediação – Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
– Mulheres no Suplemento Feminino e na revista Realidade: a representação feminina em disputa nos anos 1960
Lívia Salles (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Juliana Maria de Souza (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Niara Xavier (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Ricardo Augusto Orlando (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
O objetivo deste artigo é analisar visões de mulher construídas no Suplemento Feminino do jornal O Estado de S. Paulo e na revista Realidade em janeiro do ano de 1967. Esse período marca uma reformulação no SF do Estadão e uma edição especial da Revista Realidade dedicada às mulheres. As distinções entre estas publicações em um mesmo momento histórico marcado pelas mudanças em relação ao papel da mulher na sociedade, permitem a comparação entre duas representações diferentes de quais os anseios e projeções da mulher moderna daquele período, uma voltada para a possibilidade de debate do papel feminino e outra resistente às mudanças e enfática no conservadorismo.
– Das Margens ao Papel: Feminismos e Sexualidades Dissidentes no Lampião da Esquina
Maria Eduarda Moret Araújo Moreira de Souza (Universidade do Estado da Bahia – UNEB), Fábio Ronaldo da Silva (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
Apresentamos uma análise de conteúdo da 11ª edição do Lampião da Esquina, jornal alternativo que circulou entre 1978 e 1981, destacando-se por seu engajamento político e contra-hegemônico em plena ditadura civil-militar. A investigação concentra-se em duas reportagens e uma charge que abordam experiências de mulheres em torno da sexualidade e da autonomia frente ao patriarcado. Utilizando metodologia qualitativa de análise de conteúdo, com ênfase numa abordagem crítica e interseccional, examinam-se os sentidos produzidos pelos textos jornalísticos e seus diálogos com os discursos feministas e as homossexualidades emergentes. O objetivo é compreender como o jornal contribuiu para a construção de uma contraesfera pública dissidente, desafiando normas impostas pelo regime autoritário e pela moral conservadora dominante.
– Três décadas de atuação da Revista Donna ao retratar o cotidiano da mulher gaúcha
Carina dos Reis (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG), Paula Melani Rocha (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG)
Este artigo retrata o percurso da Revista Donna, suplemento feminino vinculado ao Grupo RBS, ao longo de seus mais de 30 anos de existência. Com edições semanais encartadas junto ao jornal Zero Hora, a revista acompanhou as mudanças no consumo de mídia e as demandas de seu público, majoritariamente composto por mulheres gaúchas. Com a redução gradual do espaço impresso e o avanço da digitalização, Donna reposicionou sua marca, ampliou a presença digital e passou a adotar uma linha editorial mais alinhada a temas como diversidade e empoderamento, sem perder o caráter imperativo dos segmentos femininos em conduzir condutas. A pesquisa, de natureza qualitativa, baseia-se em revisão bibliográfica e análise documental sobre a revista.
Debate: 16h00 – 16h15
GT História da Mídia Sonora
Coordenação Nacional: Juliana Gobbi Betti (UFOP) e Karina Woehl de Farias (Unesp)
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Tarde (14h – 17h45)
Hemeroteca (Bloco II)
Sessão 1 – Rádio: contextualizações históricas e regionais (14h – 15h15)
Coordenação/Mediação – Izani Mustafá (UFMA/Imperatriz)
– “O Rádio é o Sistema Nervoso das Nações”: uma análise da entrevista de Roquette-Pinto a Jorge Amado
Karina Woehl de Farias (Unesp) e Cláudia Nandi Formentin (Unisatc)
Em 1931, Edgar Roquette-Pinto, antropólogo considerado “pai do rádio no Brasil”, concedeu entrevista a Jorge Amado, veiculada no jornal O Momento. Na publicação, afirmou que o meio era “o Sistema Nervoso das Nações”, refletindo a visão do cientista sobre o papel da radiodifusão na formação social e cultural brasileira. Este artigo traz reflexões sobre a entrevista à luz do contexto político e científico da década de 1930, articulando o pensamento de Roquette-Pinto às disputas por modernização e identidade nacional. A partir de uma abordagem historiográfica e documental, a pesquisa contribui para o campo da história da mídia sonora ao problematizar trechos do bate-papo entre as duas personalidades sobre rádio, ciência e modernidade.
– 90 anos da Voz do Brasil: Referências da origem do programa de rádio que nasceu no varguismo e cresceu na ditadura
Daniel Azevedo Muñoz (Universidade 93,7 da Rádio USP) e Pedro Serico Vaz Filho (Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA)
O presente artigo apresenta referências históricas da origem do programa de rádio “A Voz do Brasil”, que surgiu em 1935 durante o governo do então presidente da República Getúlio Dornelles Vargas. Destacamos ainda, para reflexões, acontecimentos políticos daquele ano, como o sancionamento da Lei de Segurança Nacional, num contexto em que o analfabetismo do país atingia mais da metade da população, sendo que 50% dos habitantes viviam em áreas rurais.
– A Voz da Serra: Rádio Comunitária Muriqui FM e a Produção de Identificações a Partir de Regionalidades
Maria Izabela Ferreira Viana e Kátia Fraga (UFV)
Este artigo faz uma reflexão sobre a presença e a resistência de rádios comunitárias em contextos locais frente às lógicas homogeneizadoras de globalização e midiatização. A partir de uma revisão teórica fundamentada nos conceitos de regionalidades e comunicação comunitária, a pesquisa adota como método o estudo de caso da Rádio Muriqui FM. Busca-se compreender como o conjunto de relações fomentadas pela rádio evidencia questões ligadas à regionalidades e ruralidades por meio do pertencimento e da identificação com o lugar. Além disso, discute-se o caráter afetivo das comunidades como aspecto fundamental para a compreensão das redes de relações que se estabelecem por meio do rádio e em torno dele.
– Rádio Sociedade de Juiz de Fora: contexto histórico da fundação da primeira rádio em Minas Gerais
Carla Baldutti Rodrigues e Christina Ferraz Musse (UFJF)
Resumo: A Rádio Sociedade de Juiz de Fora, inaugurada em 1926, é a pioneira em Minas Gerais. Isso se deu pelo desenvolvimento diferenciado de Juiz de Fora em relação às outras cidades do estado. O presente artigo se utiliza da revisão bibliográfica para descrever, a partir das pesquisas históricas sobre a cidade, e sobre estudos da imprensa local, o contexto da fundação da primeira emissora mineira.
– Panorama dos periódicos de Belo Horizonte sobre rádio existentes no acervo Linhares (1930 – 1950)
Nísio Teixeira e Selene Machado (UFMG)
O presente trabalho apresenta um panorama em torno das características editoriais dos periódicos sobre rádio existentes no acervo Linhares, disponíveis na biblioteca central da UFMG, entre os anos de 1930 e 1950, em Belo Horizonte. Num primeiro momento, após consulta ao termo “Radiofonia”, presente no índice de assuntos elaborado para o estudo crítico sobre a coleção, chegou-se a oito publicações. Número elevado a dez, após varredura do mesmo termo e da palavra “Rádio” no documento PDF do estudo e a partir de descoberta de publicação na disposição digital do acervo. Como resultados finais, o texto destaca, além dos aspectos gerais de cada publicação, a importância das mesmas para o estudo de vários nomes que atuaram no rádio na capital mineira no período, bem como um relato de experiência dos desafios da pesquisa em arquivo.
Debate: 14h50 – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Sessão 2 – Abordagens jornalísticas: narrativas e coberturas históricas (15h30 – 16h30)
Coordenação/Mediação – Luciano Klöckner (ALCAR)
– Radiojornalismo e Segurança Pública: Uma Análise Narrativa do Programa Patrulha da Cidade (1960)
Kaique Silva e Ricardo Bedendo (UFJF)
Pretende-se abordar neste artigo as características dos jornalismos policial e de segurança pública no radiojornalismo brasileiro, aprofundando seus elementos narrativos, como a oralidade, sonoplastia, ruídos e silêncios, a fim de investigar uma possível agenda “sensacionalista” nessa área estimulada e potencializada por esses elementos narrativos. Da mesma forma, buscamos refletir sobre os desafios éticos e sobre as dinâmicas complexas de composição do que chamamos, atualmente, de Jornalismo em Segurança Pública. Por meio de uma análise comparativa de conteúdo (Lopez, 2022), serão colocados em diálogo dois episódios transmitidos em épocas distintas (1999 e 2013) do programa de radiojornalismo policial Patrulha da Cidade, a fim de observarmos, em sua trajetória, suas mudanças e permanências.
– Das páginas aos fones de ouvido: a trajetória do Jornalismo Literário até o podcast narrativo
Stefanie Machado (UFSC)
Este artigo tem como objetivo traçar a trajetória histórica do Jornalismo Literário (JL), desde suas origens na imprensa escrita até os podcasts narrativos do século XXI. Assim, o trabalho busca responder à questão norteadora: como o jornalismo literário, tradicionalmente associado à mídia impressa, reconfigura-se na linguagem sonora a partir dos podcasts narrativos. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa exploratória que utiliza levantamento bibliográfico para desenvolver o referencial teórico e se apoia em casos ilustrativos. Conclui-se que o podcast narrativo não só carrega, como amplifica os elementos clássicos do Jornalismo Literário, tais como imersão e voz autoral do jornalista.
– Representações do pânico religioso na imprensa paranaense nos anos 1990 no podcast O Caso Evandro (2018)
Maria Helena Denck Almeida (UEPG)
O artigo é um desdobramento do Trabalho de Conclusão de Curso “O podcast O Caso Evandro e debates de ética jornalística: a série de true crime e contraposições ao sensacionalismo e ao pânico moral”, defendido em novembro de 2023 para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, com orientação do Prof. Dr. Ben-Hur Demeneck. Neste recorte, a autora analisa trechos do podcast que demonstram as representações do pânico religioso na mídia paranaense durante a década de 1990. A partir das reportagens apresentadas durante o podcast, há reflexão sobre o conceito de Pânico Moral relacionado com crimes contra crianças e religiões de matriz africana. O trabalho se apresenta como uma oportunidade de registro do Jornalismo no Paraná e suas modificações entre 1990-2020.
– A contribuição da Rádio Ponto UFSC como patrimônio histórico do Radiojornalismo Universitário em Coberturas Especiais
Luis David Padilha e Giovanni de Sousa Vellozo (UFSC)
A Rádio Ponto UFSC, webemissora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, completa 26 anos em 2025. Ao longo de toda sua história, a Rádio produziu coberturas especiais sobre eventos de relevância nacional e internacional e de interesse da sociedade. Assim, este trabalho tem como objetivos compreender o papel da Rádio Ponto UFSC como fonte histórica radiojornalística universitária através de seus acervos digitais, do entendimento de como esta webrádio funciona como fonte histórica na área. Para tanto, foram analisadas as Coberturas Eleitorais e do programa Jornalismo em Debate em quatro edições de tema da “atual crise política do país”, destacando as contribuições da webemissora no radiojornalismo universitário, na prática pedagógica da profissão e na constituição de acervos.
Debate: 16h10 – 16h30
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Sessão 3 – Trajetórias profissionais e formação do campo acadêmico (16h30 – 17h45)
Coordenação/Mediação – Rafael Medeiros (UFMG)
– Vozes da Escuta: A Formação Radiofônica de Fernanda Montenegro
Alvaro Bufarah Junior (Mackenzie)
Este artigo analisa a influência formadora do rádio na trajetória artística, intelectual e ética de Fernanda Montenegro, considerada uma das mais relevantes atrizes brasileiras do século XX. Longe de representar apenas um ponto de partida cronológico, sua vivência radiofônica é aqui compreendida como uma base estrutural de seu repertório técnico e simbólico. A pesquisa parte da hipótese de que sua imersão no universo sonoro — especialmente nas décadas de 1940 e 1950, quando o rádio exercia papel central na vida cultural brasileira — não apenas a iniciou nas artes, mas moldou sua escuta estética, sua compreensão da palavra como gesto dramático e sua postura ética diante da arte. A metodologia articula análise documental, entrevistas, obras da própria atriz e bibliografia especializada em história do rádio, oralidade e artes cênicas. Adota-se abordagem historiográfica e interpretativa, evidenciando o rádio como campo pedagógico da sensibilidade, da dramaturgia e da ética vocal.
– Fé Emma Piccoli Xavier: Voz, Memória e Pesquisa no Rádio Gaúcho
Luciano Klöckner (ALCAR) e Ciro Augusto Francisconi Götz (UNIFA/Uruguai)
Este artigo investiga a trajetória de Fé Emma Piccoli Xavier no rádio gaúcho, com a combinação metodológica entre História Oral e Análise de Conteúdo. O corpus é formado por trechos de duas entrevistas de Fé Emma concedidas ao projeto Vozes do Rádio, da PUCRS, em 2000 e 2003. Iniciando na Rádio Guaíba em 1957 e depois na Rádio Gaúcha, ela atuou como pesquisadora e produtora, defendendo o rádio como uma ferramenta educativa. A pesquisa destaca a contribuição dela para a democratização do saber e a preservação da memória radiofônica.
– Das ondas sonoras às produções científicas: mapeamento e histórias de pesquisadoras que trabalharam e/ou trabalham em rádio
Izani Mustafá (UFMA/Imperatriz), Nayane Britto (UFMA/Imperatriz) e Kátia Fraga (UFV)
O objetivo deste artigo é mapear as mulheres acadêmicas dos Grupos de Pesquisas Rádio e Mídia Sonora da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação e História da Mídia Sonora da ALCAR – Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia que trabalharam e/ou trabalham em alguma rádio. O levantamento vai ajudar a identificar a participação e a relevância feminina no meio radiofônico brasileiro. Após uma investigação exploratória (Martino, 2018; Gil, 2002) nas listas de discussão de e-mail dos grupos, enviamos um questionário on line (google forms), que ficou disponível do final de abril até 5 de maio de 2025, para que todas pudessem detalhar suas trajetórias. O levantamento quantitativo reuniu respostas de 29 pessoas, sendo 27 de mulheres acadêmicas. Desse total, foram selecionadas as três pesquisadoras que foram coordenadoras do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom – Nair Prata (2011-2012; 2013-2014), Valci Zuculoto (2015-2019) e Debora Cristina Lopez (2021-2024) -, cujas trajetórias profissionais serão descritas neste trabalho.
– Os 40 anos de “A Informação no Rádio – os grupos de poder e a determinação dos conteúdos”:aspectos de um livro basilar
Lourival da Cruz Galvão Junior (Unitau) e Luciano Victor de Barros Maluly (USP)
Ao completar 40 anos de publicação, o livro “A Informação no Rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos”, de Gisela Swetlana Ortriwano, continua a ser referência para quem se dedica aos estudos sobre o rádio e as mídias sonoras. Tal fato motivou a elaboração deste texto, que visa analisar o processo de elaboração da obra. Para este fim adotou-se a análise descritiva, a pesquisa documental e bibliográfica e os fundamentos da História Oral. Por resultado nota-se que a longevidade de “A Informação no Rádio” decorre do fato de sua autora ter formulado conceitos que sistematizaram, no campo teórico, o rádio e o radiojornalismo, norteando estudos até a atualidade.
– A história nos estudos radiofônicos das teses e dissertações de Minas Gerais
Juliana Gobbi Betti (UFOP), Debora Cristina Lopez (UFOP), Vitor Hugo de Oliveira-Lopes (UFOP), Julia Franco Zago (UFOP) e Lívia Gariglio (UFOP)
Esta pesquisa busca aprofundar a compreensão sobre o desenvolvimento dos estudos sobre rádio e mídia sonora nos programas de pós-graduação em Comunicação do estado de Minas Gerais, além de identificar o perfil temático das teses e dissertações defendidas. Para isso, consideramos os cursos de mestrado e doutorado, acadêmicos e profissionais, incluídos na área de avaliação Comunicação, Informação e Museologia da Capes. Analisamos os dados de identificação, título, palavras-chave e resumo buscando compreender quem pesquisa e como se pesquisa o tema nos PPGs mineiros. Trata se de um estudo qualitativo, orientado também pela chave de gênero e pela perspectiva interseccional, buscando construir uma abordagem complexa do objeto (Lopez et al, 2024; Lopez, Betti, Freire, 2024).
Debate: 17h20 – 17h45
GT História da Mídia Visual
Coordenação Nacional: Silvio da Costa Pereira (UFMS) e Cárlida Emerim (UFSC)
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Tarde (14h – 17h30)
Sala 207 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 1 – O texto como imagem (14h – 14h45)
Coordenação/Mediação – Cárlida Emerim (UFSC)
– Fortaleza em Tipos: um mapa visual-tipográfico do centro da capital cearense
Antonio Laurindo de Holanda Paiva Filho – Universidade Federal do Ceará (UFC) e Silvia Helena Belmiro – Universidade Federal do Ceará (UFC)
A presente pesquisa mapeia e cataloga as tipografias vernaculares presentes no Centro de Fortaleza. A partir de uma abordagem etnográfica (Magnani, 2002), foram realizadas observações de campo, registros fotográficos e categorização das estruturas coletadas, considerando seus usos e conteúdos (Finizola, 2015). A técnica de card sorting (Rocha, 2008) orientou uma organização criteriosa dos dados, possibilitando a identificação de padrões visuais e narrativos. A cartografia sintetiza nove categorias tipográficas, contribuindo para a valorização da memória gráfica da cidade e revelando as tensões entre tradição e modernidade na paisagem visual urbana. O principal resultado é o mapa “Fortaleza em tipos”, produto visual da dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC.
– A frase-imagem no jornalismo: desdobramentos visuais e estético-políticos no tratamento da tragédia
Rafael Giovani Venuto- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Aglair Bernardo – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Flávia Guidotti – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
O artigo analisa duas capas de jornais publicadas durante a pandemia de COVID-19, nas quais o horror das mortes se manifesta por meio de dispositivos que tensionam e desestabilizam convenções visuais. A partir do conceito de frase-imagem (Rancière, 2012, 2001), argumenta-se que essas capas instauram uma operação estética singular, na qual a palavra adquire estatuto de visibilidade, deslocando o olhar e convocando o leitor a uma participação ativa na produção de sentido. Ao invés da exposição direta da tragédia, opera-se uma montagem na qual a sucessão de nomes e pontos inscreve a catástrofe e seus efeitos sobre o sensível coletivo. Configura-se, assim, uma política da visibilidade que subverte o automatismo perceptivo e inaugura um regime de luto e de pensamento, reorganizando a experiência estética da notícia.
Debate: 14h30 –14h45
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Sessão 2 – Documentos visuais (14h45 – 15h15)
Coordenação/Mediação – Cárlida Emerim (UFSC)
– Políticas de um tempo do “bem-querer”: fotografias de folia de reis no Complexo da Reta, Itaboraí – RJ
Lorena Melo Salum – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Neste artigo proponho uma narrativa visual que vá na contramão dos discursos midiáticos hegemônicos, defendendo uma prática de contra-arquivo por meio da fotografia documental, numa possível construção de história potencial do cotidiano. Integrando as perspectivas de Azoulay, Certeau, Heller e Hall à discussão sobre fotografia documental, podemos entender melhor como as práticas cotidianas dos participantes não são apenas reflexos passivos das representações midiáticas, mas sim estratégias ativas de resistência, negociação e reapropriação cultural dentro de um contexto social complexo e dinâmico.
– Cartão-postal como mídia: formas de comunicação, memória e territorialidades
José Eduardo de Souza Simões – Universidade Federal do Paraná (UFPR), João Cubas Martins – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Laura Raffs Guerra- Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marina Fam Petri – Universidade Federal do Paraná (UFPR) e José Carlos Fernandes – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
A partir de um conjunto inédito de cartões-postais preservados por mais de um século, este artigo propõe uma reflexão sobre o cartão-postal como mídia comunicacional que articula texto, imagem, memória e território. O estudo tem como base o acervo da família Bassler-Schaefer, cuja intensa troca de postais com amigos e familiares, no início do século XX, percorre cidades do Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, entre outras localidades na América Latina e na Europa. São vestígios de comunicação interpessoal que revelam redes de sociabilidade e práticas de pertencimento territorial que mobilizam tanto a escrita quanto a visualidade. Trata-se de um suporte comunicacional com dimensões estética, documental e simbólica, que veicula imagens e paisagens constitutivas do imaginário urbano da época.
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Debate: 15h30 – 15h45
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Tarde (15h30 – 17h30)
Sessão 3 – Artes visuais contemporâneas (15h45 – 16h30)
Coordenação/Mediação – Cárlida Emerim (UFSC)
– Fantasmas ditatoriais encarnados em obras contemporâneas: assombros da ditadura-civil militar brasileira visados artisticamente
Sarah Elisa Carvalho Moreira – Universidade Federal de Ouro Preto(UFOP); Ana Carolina Lima Santos – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Partindo do pressuposto de que a ditadura civil-militar brasileira permanece no presente como um fantasma, este artigo examina de que modo tal espectro se faz ver em obras de arte contemporâneas que tematizam o passado ditatorial, a partir da figura da vítima e do arquivo. Examina-se, especificamente, 1968, de Fulvia Molina (2003); Ausências Brasil, de Gustavo Germano (2017); Histórias de aprendizagem, de Volupsa Jarpa (2014), e Fazer/fusão, de Andreas Knitz (2017). Os quatro trabalhos são analisados por aquilo que propõem sobre o período da ditadura, entendido na chave do insuperável e então confrontado pela rememoração, em um gesto de resgate e resistência.
– Afetos reimaginados: inteligência artificial e a ressignificação decolonial das memórias negras e indígena no Álbum de Desesquecimentos, de Mayara Ferrão
Sabrina Kelly Roza – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Este artigo investiga a intersecção entre a Inteligência Artificial (IA), fotografia e decolonialidade, a partir da análise de seis imagens de “Álbum de Desesquecimentos” (2024), da artista visual brasileira Mayara Ferrão, que usa a IA a fim de criar imagens de afetos de mulheres negras e indígenas e desconstruir imaginários coloniais estereotipados sobre elas. Para isso, a pesquisa faz uma abordagem teórica baseada na decolonialidade e no feminismo negro e também discute como a IA pode ser apropriada para desconstruir apagamentos históricos e recriar afetos de povos minorizados. Com foco na análise visual da obra e na conexão com referenciais sobre fotografia, tecnologia e epistemologias decoloniais, foi adotada uma metodologia qualitativa. Entre os resultados obtidos, foi possível identificar como as imagens recriadas por Ferrão trazem um novo significado à memória negra e indígena, ao dar protagonismo a momentos de afeto e maternidade, ao mostrarem os gestos de carinho, a resistência e os elementos culturais que, muitas das vezes, foram privados de serem retratados sócio-historicamente com essas mulheres. Dessa maneira, o artigo contribui para a possibilidade de resgate de histórias que foram apagadas e permite a criação de novas narrativas que mostram as subjetividades dos sujeitos.
– Sobre Alteridade e Velhice nas Fotografias do “Projeto Relicário”: Um Convite ao Despertar para o Outro
Lílian David Vieira – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e William David Vieira – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Mais do que o desejo ou a tentativa de se colocar no lugar do outro, a busca pela alteridade deve revelar as tensões derivadas da própria empatia, como os dilemas relacionados às noções de presença, encontro e reconhecimento. A partir dessa premissa, este trabalho, de tom ensaístico, objetiva analisar algumas fotografias dos ensaios do “Projeto Relicário”, da produtora audiovisual, diretora e fotógrafa Sibylla Ventura, cujo objetivo é dar protagonismo às pessoas com mais de 65 anos de idade. Nossa hipótese, apoiada em um percurso metodológico embasado em referenciais teóricos, é de que o projeto se amparado na alteridade como um convite ao despertar para o Outro, algo mais urgente do que a premissa de se colocar no lugar do outro. Esse “Outro” – grafado assim como propõe Han (2017) – é condição sine qua non para que compreendamos a nós mesmos.
Debate: 16h30 – 16h45
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Sessão 4 – O espaço dos museus (16h45 – 17h15)
Coordenação/Mediação – Cárlida Emerim (UFSC)
– Das experiências às exposições imersivas
Isabella Aparecida Ponciano Moraes – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
O presente trabalho analisa a cronologia das experiências imersivas e a evolução dos elementos imersivos até a sua integração nas exposições realizadas por museus e outras instituições culturais. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, com ênfase em análise bibliográfica. Os resultados indicam que o desenvolvimento tecnológico foi decisivo para o surgimento e a consolidação das
experiências, instalações e exposições imersivas. Conclui-se que os elementos imersivos são úteis para o processo comunicacional, principalmente no âmbito da comunicação museológica e seu estudo ajuda a pensar de maneira fundamentada as técnicas utilizadas para composição das experiências.
– Imagens insurgentes: curadoria decolonial e disputas simbólicas no Museu da Inconfidência
Marcia Siqueira Costa Marques (Grupo Design e Convergência no Centro Universitário Belas Artes, São Paulo – SP)
A exposição Refundação, realizada no Museu da Inconfidência, promoveu uma releitura crítica da narrativa histórica oficial ao integrar obras contemporâneas que tensionam a memória institucional da Inconfidência Mineira. Este trabalho analisa como tal proposta curatorial desencadeia um deslocamento decolonial, instigando o público a repensar símbolos e discursos hegemônicos por meio de experiências sensoriais, visuais e digitais. A pesquisa discute o papel dos museus como territórios de disputa simbólica em um contexto de convergência tecnológica e visualidade crítica. Com base em autores como Didi-Huberman, Flusser, Belting, Baitello Jr. e Warburg, e dialogando com perspectivas decoloniais de Walsh e Mignolo, investiga-se a potência das imagens e da arte como instrumentos de resistência epistemológica e de transformação social.
Debate: 17h15 – 17h30
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Sessão 5 – Reunião Anual do GT História da Mídia Visual
*17h30 – 17h50
GT História da Publicidade e das Relações Públicas
Coordenação Nacional: Moacir José dos Santos (UNITAU) e Flavi Ferreira Lisboa Filho (UFSM)
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Tarde (14h – 15h15)
Sala Casa FINEP
Sessão 1 – Produção contemporânea da História da Publicidade e das Relações
Públicas (14h –15h)
Coordenação/Mediação – Prof. Dr. Moacir José dos Santos – Universidade de Taubaté (UNITAU)
– Micropolíticas do tempo e escritas de si no Instagram: presentificação, resistência e existência nas redes
Amanda Thomaz Monteiro – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rennan Lanna Martins Mafra – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
O texto discute como, no contexto midiatizado do Instagram, as escritas de si emergem como gesto de resistência às lógicas organizacionais e tecnológicas que moldam a comunicação contemporânea e os processos de construção de imagem pública de sujeitos comuns. A partir do perfil de Maíra Castanheiro no Instagram, analisa-se como passados sensíveis são reinscritos no presente, configurando micropolíticas do tempo (Mudrovcic, 2018) e experiências de presentificação (Gumbrecht, 2010, 2015). As escritas de si não apenas constroem subjetividades, mas criam atmosferas de permanência diante da efemeridade das redes (Rago, 2013; Arfuch, 2010). Maíra transforma afetos e memórias em presença, desafiando a obsolescência digital e a narrativa linear da modernidade, tornando sua prática uma forma de sobrevivência simbólica e política no tempo presente.
– Influenciadores digitais e a midiatização publicitária, análise da dimensão promocional da CPI da Covid e da CPI das Bets
Alice Gatto – Museu da Vida Fiocruz/ Casa de Oswaldo Cruz (COC), Ana Beatriz Rocha – Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO)
Este estudo é um desdobramento de pesquisa realizada no âmbito de pós-doutoramento, estende-se também a um projeto de iniciação científica. Nossa concentração teórica tem por escopo analítico o estudo dos memes, contudo, outras abordagens teóricas atravessam a pesquisa, sendo a temática dos “influenciadores”, uma delas. O recorte aqui apresentado se concentra em dois contextos que têm a saúde atrelada à midiatização comunicacional em uma dimensão promocional em larga escala – a CPI da Covid com Luciano Hang e a CPI das Bets com Virgínia Fonseca. Compreende-se ser a comunicação um direito consagrado pela Constituição Federal Brasileira, e por isso, consideramos crucial observar as mudanças psicossociais, e econômicas, em curso e em franca “experimentação” de novos cenários para a expansão publicitária.
– MUDANÇAS CLIMÁTICAS: critérios de sustentabilidade e o papel da comunicação empresarial nos relatórios da Petrobras
Letícia Vitória Pinto de Oliveira – Universidade de Taubaté (UNITAU), Lourival da Cruz Galvão Junior – Universidade de Taubaté (UNITAU)
Este artigo analisa os conteúdos de relatórios de sustentabilidade da Petrobras, de 2017 a 2021, a fim de verificar o papel da comunicação empresarial no contexto das mudanças climáticas. Mediante pesquisa bibliográfica e documental, a coleta de dados ocorreu no site institucional da Petrobras e os resultados foram quantificados e expostos em gráficos. A investigação identificou nos relatórios uma evolução no papel da comunicação, com destaque aos canais entre empresa e funcionários, que evoluíram de maneira exponencial se comparados ao início e ao fim da análise. Destaca-se também a presença de problemas com organizações trabalhistas e agências de saúde durante a pandemia de covid-19, mostrando pontos do relatório com potencial de melhoria para a empresa e sua relação com o meio ambiente.
– Organizações Modernas e Maconha: Contradições e Tensionamentos em Fragmentos Midiatizados de Ailton Krenak
Letícia Araújo Resende Guimarães Pereira – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
O artigo visa examinar as contradições e os tensionamentos presentes com relação à presença pública da maconha, em contraponto às lógicas fundamentais das organizações modernas, em fragmentos midiatizados de Ailton Krenak. Logo, busca-se compreender como saberes pautados na cosmovisão indígena emergem face à modernidade, representada pelas relações com o Mercado, o Estado e a Ciência, a partir da presença pública midiatizada da maconha. Nesse sentido, emergem questionamentos sobre a posse estatal, a apropriação mercadológica e a interpretação científica relacionadas à planta. Essas contradições midiatizadas expõem os tensionamentos existentes entre esses estratos e os saberes ancestrais, revelando a inserção da maconha em um modelo individualista de consumo.
Debate: 15h00 – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (15h30 – 17h)
Sessão 2 – Perspectivas da História da Publicidade e das Relações Públicas (15h15 – 16h30)
Coordenação/Mediação – Moacir José dos Santos (UNITAU)
– A Publicidade no Jornal O Exemplo: Estratégia para a Autonomia e o Protagonismo dos Negros?
Lisandra Castilhos Meireles – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maria Berenice da Costa Machado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Investigação que se propõe a estudar O Exemplo, jornal da imprensa negra que propaga os ideais abolicionistas e que circula na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entre os anos de 1892 a 1930. O foco são as estratégias publicitárias do periódico, ou seja, a venda de exemplares avulsos, de assinaturas mensais e de parte das páginas para a inserção de anúncios pagos sobre serviços, produtos, eventos e notas sociais. A partir desse conjunto de iniciativas comerciais desejamos compreender se há relação com a longevidade do semanário.
– Imprensa e Industrialização: A Representação do Desenvolvimento Local em Taubaté (1980 – 1990)
Maria Eduarda Soares de Lacerda – Universidade de Taubaté (UNITAU), Moacir José dos Santos – Universidade de Taubaté (UNITAU)
O município de Taubaté, na Região Metropolitana do Vale do Paraíba (SP), tem na indústria a base de sua economia. Seu processo de industrialização foi impulsionado por fatores locais e nacionais, como a interiorização industrial e a atuação do Estado na promoção do capitalismo industrial. Esta pesquisa analisa a representação da industrialização de Taubaté na imprensa local entre 1980 e 1990. O método utilizado foi documental, com consulta a periódicos, documentos públicos e dados secundários. Os resultados indicam a representação da industrialização como sinônimo de desenvolvimento, mesmo com a presença da estagnação econômica e a consequente desindustrialização. A análise buscou contribuir para a compreensão das relações entre desenvolvimento regional, discurso midiático e contexto político.
– Proposta de um Modelo Analítico de Maturidade em Divulgação Científica para Universidades Brasileiras
Monica Franchi Carniello – Universidade de Taubaté (UNITAU), Thiago Vasquez Molina – Universidade de Taubaté (UNITAU)
A divulgação científica é compreendida como um processo essencial de democratização do conhecimento, tornando acessível à sociedade os saberes produzidos no ambiente acadêmico. Em um contexto marcado pela valorização crescente do impacto social, cultural e econômico da ciência, a necessidade de institucionalização das práticas de comunicação pública do conhecimento torna-se estratégica. Este artigo tem por objetivo propor um modelo exploratório de maturidade institucional da divulgação científica nas universidades brasileiras. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória e com base bibliográfica. Como principal resultado, apresenta-se um modelo analítico de maturidade em divulgação científica, composto por três dimensões: institucional, estrutural e capital humano. O modelo opera com uma escala de cinco níveis de maturidade, que variam desde a ausência de práticas sistemáticas até a plena integração das ações de divulgação científica às estratégias institucionais. A proposta contribui com subsídios teóricos e práticos para o diagnóstico da atuação universitária nesse campo, oferecendo uma ferramenta de análise útil para gestores, avaliadores e pesquisadores interessados em mensurar e qualificar o grau de comprometimento das instituições com a divulgação científica.
– ALÉM DO PRODUTO: A Evolução histórica da publicidade da Apple na Sociedade de Consumo
Mateus Felipe de Sousa – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Murilo Ferreira Santos Silva – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
* concorrente ao Prêmio JMM
Este estudo busca analisar como as estratégias publicitárias da Apple se transformaram ao longo do tempo em decorrência das demandas da sociedade de consumo. Para isso, emprega-se uma abordagem qualitativa, fundamentada em estudo de caso sobre os comerciais publicitários da Apple. Os resultados demonstram uma transição marcante na publicidade da marca, que passou de um foco inicial nas características técnicas do produto, para uma ênfase crescente em narrativas de estilo de vida e experiência.
– Quem lê nunca tá sozinho”: livros, afetos e estratégias publicitárias nos 10 anos da TAG Livros
Susana Azevedo Reis – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Clara Campos dos Santos – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
A TAG Livros é um clube de assinatura de livros fundado em 2014 e, em junho de 2024, celebrou seus 10 anos com a campanha “Quem lê nunca tá sozinho”, pautada por narrativas memorialísticas e promocionais. Neste artigo, resgata-se a história da TAG Livros, por meio de entrevistas e arquivos, e analisa-se como a empresa estruturou sua estratégia comunicacional nesta campanha de aniversário. Utiliza-se como metodologia o estudo de caso (Yin, 2001), discutindo-se a ideia da comemoração como um recurso de comunicação e identidade das instituições, mediante análises qualitativas e quantitativas do material da campanha. Conclui-se que a memória institucional é utilizada como recurso identitário e afetivo para fortalecer vínculos com a comunidade leitora e, principalmente, atrair novos assinantes e consolidar a marca.
Debate: 16h30 – 17h
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Sessão 3 – Reunião Anual do GT História da Publicidade e das Relações Públicas
*17h00 – 17h30
GT Historiografia da Mídia
Coordenação Nacional: Rosana Maria Pires Barbato Schwartz (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Mirtes de Moraes Corrêa (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
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Tarde (14h – 15h15)
Sala 101 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 1 – Imprensa, Imagens e Memória: Construções Coletivas e Individuais (14h –15h15)
Coordenação/Mediação: Mirtes de Moraes – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Rosana Schwartz – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
– Um Mar de Memórias: A Construção da Memória Coletiva Através das Coberturas Jornalísticas no Desastre de Mariana
Letícia da Silva – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Maria de Fátima Tomaz – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
* concorrente ao Prêmio JMM
O artigo analisa como a mídia brasileira contribuiu para a construção da memória coletiva sobre o desastre de Mariana, observando estratégias narrativas, visuais e de silenciamento utilizadas nos telejornais da Rede Globo. A reflexão une memória e trauma, buscando entender como a cobertura midiática influenciou a forma como o evento é lembrado e interpretado pela sociedade.
– Desordem e Regresso: A mídia na formação da memória sobre o campo de concentração Krenak em Resplendor (MG)
André Manteufel Ferreira – Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), Deborah Luísa Vieira dos Santos – Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) e Mariana Santos Xavier – Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE)
* concorrente ao Prêmio JMM
A realidade dos indígenas no Brasil desde o início da colonização portuguesa é permeada por capítulos sanguinários de uma relação que significou a quase extinção da língua, da cultura e dos costumes dos povos originários. Um desses períodos e locais de repressão ocorreu entre 1969 e 1972, no município de Resplendor (MG). O presente trabalho é um estudo sobre as coberturas do Jornal do Brasil naquele período a respeito da política coercitiva imposta no Reformatório Krenak, sob o controle da Polícia Militar de Minas Gerais e da FUNAI. O objetivo é interpretar a narrativa utilizada pelo veículo, que contribuiu para a construção da memória coletiva sobre o caso. Pela Análise de Conteúdo (Bardin, 2016), é possível identificar a estereotipização adotada pelo jornal, em consonância com os órgãos de segurança pública responsáveis pelo Reformatório.
– Memórias dos construtores de Brasília desenterradas na obra de Vladimir Carvalho
Marina Carrano Lelis – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Este trabalho analisa o documentário Conterrâneos Velhos de Guerra (1997), de Vladimir Carvalho, como ferramenta de resgate da memória silenciada dos trabalhadores que construíram Brasília. A obra revela as violências e exclusões ocultadas pela narrativa oficial da cidade-monumento, dando voz aos operários e seus familiares. A análise propõe refletir sobre a disputa entre memória oficial e memória subterrânea (Pollak, 1989), a partir do confronto entre narrativas idealizadas sobre a capital e os testemunhos de sujeitos explorados e excluídos pelo projeto modernista brasileiro.
– Escrita de anônimos, territorialidade e proposta de inventário no acervo da família Bassler Schaefer
Cintia Silva da Conceição – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Anna Carolina Roque Furnanetto – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Breno Antunes da Luz – Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Eduardo De Souza Simões – Universidade Federal do Paraná (UFPR) e José Carlos Fernandes – Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Artigo propõe uma reflexão sobre o tombamento de acervos artísticos privados, a partir da experiência com o acervo do casal Bassler-Schaefer, que viveu em Curitiba no século XX. A proposta dialoga com a noção de biografia cultural dos objetos e arquivo expandido, considerando o inventário como gesto de escuta. A análise considera a rede de guardiãs na manutenção deste acervo e propõe um inventário narrativo que articula memória e comunicação. O estudo dialoga com a etnografia dos arquivos, a história da memória e os dispositivos simbólicos da escrita ordinária, compreendendo os documentos como vetores de subjetivação e pertencimento. Defende-se que práticas de arquivamento doméstico, mesmo à margem das instituições formais, comunicam e produzem conhecimento e história.
Debate: 15h00 – 15h15
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15h15 às 15h30 – intervalo para café
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Tarde (15h30 – 17h)
Sessão 2 – Histórias da Mídia: Curadoria e Capital (15h15 – 16h15)
Coordenação/Mediação: Mirtes de Moraes – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Rosana Schwartz – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
– A História das Newsletters: do papel ao e-mail, um legado de curadoria
Giorgio Dal Molin- Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Este artigo propõe uma revisão histórica sobre a evolução das newsletters, desde suas origens como boletins informativos rudimentares até seu ressurgimento como produto jornalístico estratégico na era digital. A partir de análise de estudos interdisciplinares das áreas de Comunicação e História, buscamos enquadrar as diversas formas e funções que as newsletters assumiram ao longo dos séculos, destacando sua natureza como meio de curadoria e comunicação direta. O estudo explora as razões de sua longevidade e popularidade, especialmente no jornalismo, e contextualiza sua relevância no ambiente midiático. Como resultado, percebe-se que as newsletters foram um meio de comunicação altamente adaptável ao longo dos séculos mantendo sua função primordial: organizar as notícias em fluxo adaptado para públicos específicos.
– Como Fazer uma História do Investimento? Subjetividade-Empresa e Cultura Investidora no Início do Século XX
Marcelo dos Santos Marcelino – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Neste texto, discuto o que seria fazer uma história do investimento no tempo presente. Parto do entendimento de que o investimento no contemporâneo ultrapassa o sentido estritamente financeiro econômico, obtendo inserção em outras áreas da vida social, como o cuidado com o corpo e o aspecto formativo do sujeito. A partir da genealogia, empreendida aqui como um gesto metodológico utilizado para marcar as passagens da compreensão sobre o investimento no liberalismo clássico para neoliberalismo, observamos como o alargamento desta noção possibilitou novas inaugurações de sentido na história, fazendo o investimento ser incorporado como tecnologia de subjetivação que é parte do que chamamos de cultura do investimento
Debate: 15h30 – 16h15
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Sessão 3 – Representações do Feminino e Resistência (16h15 – 17h45)
Coordenação/Mediação: Mirtes de Moraes- Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Rosana Schwartz – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
– Feminino Revolucionário: Imaginário Social e Resistência na Ditadura Militar
Larissa Azevedo Souza – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Rosana Maria Pires Barbato Schwart – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
Esta dissertação propõe uma análise crítica das representações femininas revolucionárias na história brasileira, com foco nas mulheres que atuaram na luta armada e na produção intelectual durante a ditadura militar. A partir de uma perspectiva interseccional, compreender como gênero, raça e classe confluem na pesquisa acadêmica. Utilizando a perspectiva da história cultural e o conceito de imaginário social, a pesquisa investiga como essas mulheres foram simbolicamente representadas. O arcabouço teórico que norteou a pesquisa foram autoras (es) como Françoise Vergès, Joan Scott, Heleieth Saffioti, Pierre Bourdieu e Bronisław Baczko. Com o objetivo de contribuir para um feminismo crítico e interdisciplinar, que reconstrua narrativas e promova a equidade de gênero na produção científica.
– The Mr. Peabody e Sherman Show: histeria, loucura e redução de personagens históricas a representações patriarcais
Maria Luísa Sousa – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Mariana Assis – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Yasmin Winter- Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Yasmine Feital – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Este artigo investiga as representações de mulheres históricas na animação The Mr. Peabody & Sherman Show (Netflix, 2015), a partir de uma análise fílmica de conteúdo, proposta por Manuela Penafria (2009), em articulação com a abordagem da narrativa complexa, de Letícia Capanema (2016). A reflexão teórica se ancora em discussões sobre os padrões que moldam a produção audiovisual contemporânea, com ênfase nas construções hegemônicas de feminilidade. O estudo busca compreender de que forma essas personagens femininas têm suas trajetórias contadas, e/ou esvaziadas, e como a mídia se apropria de suas memórias, reescrevendo o passado a partir de lógicas de simplificação, estereotipia e entretenimento. Propõe-se uma reflexão crítica sobre os usos da história na cultura midiática e seus impactos na construção da memória coletiva.
– Criação e manutenção das narrativas do patriarcado: apagamento das mulheres como forma de dominação
Érica R. Gonçalves – Universidade Metodista de São Paulo
As narrativas ficcionais interagem com o contexto histórico-social, colocando em pauta temas que por muitas vezes não estão no circuito da esfera pública oficial. Neste trabalho analisamos o papel de narrativas, desde as míticas e religiosas, até as mais atuais, permeadas por censura e restrições ao gênero feminino na participação da sociedade, fazendo um panorama da construção e manutenção das narrativas do patriarcado, entendendo como a restrição à educação e cultura possuem papel fundamental no machismo estruturalizado, que existe até hoje.
Debate: 16h45 – 17h00
Dia 03 – 29 de agosto de 2025
GT História do Jornalismo
Coordenação Nacional: Rachel Bertol (UFF) e Phellipy Pereira Jácome (UFMG)
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Manhã – 8h30 – 10h15
Sala 03 (Bloco I)
Sessão 7 – Jornalismo em contextos de violência (8h30 – 9h15)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF) e Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– Jornalismo corporificado: deslocar a retina para visualizar histórias de vida em contexto de violência
Bárbara Maria Lima Matias (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG); Nayara Luiza de Souza (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
Este artigo propõe observar as iniciativas de comunicação da Alma Preta, da Ponte Jornalismo e do Nós, Mulheres da Periferia, que desafiam as narrativas dominantes do jornalismo que se autonomeou como “moderno” e “profissional”. Ao examinar essas práticas, o texto reflete sobre a continuidade de uma tradição de organização política presente desde o século XIX, na imprensa negra e que se configurou como um espaço de resistência com tecnologias próprias. A partir dos conceitos de “drible” (Moraes, Lima, 2023) e “deslocamento da retina” (Sharpe, 2023), propõe-se uma reflexão sobre a desestabilização das normas jornalísticas tradicionais e destacando a importância de “corporificar” as práticas jornalísticas.
– Lesbianidades e memória: disputas de sentido nas coberturas midiáticas sobre lesbocídios
Maria Clara Soares Rodrigues (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
O artigo investiga como a cobertura midiática abordou os casos dos lesbocídios de Andrezza da Silva Menezes, Jakeline Galdino e Gilmara de Almeida, observando as estratégias narrativas presentes nos materiais. A pergunta que norteia a pesquisa questiona “como a memória das lésbicas é articulada pelo jornalismo?” e, para respondê-la, recorremos a potências dos estudos das lesbianidades e as articulamos às pesquisas sobre memória e jornalismo. O procedimento metodológico desenvolvido desmembra os materiais em categorias de análise que visam compreender os objetos de forma detalhada. Como resultados principais, observamos o imbricamento do jornalismo para com as práticas sociais dominantes e normativas, que delimitam como humanas e dignas de luto somente as pessoas que estão dentro das molduras hegemônicas. Além disso, apesar do recorte temporal amplo entre as notícias analisadas (cerca de 10 anos), foi possível notar poucos avanços do jornalismo em relação às coberturas.
– Teia de feminicídios: a cobertura de assassinatos de mulheres pelo Correio Braziliense em 1987, 2016 e 2025
Lia de Lima Junqueira (Universidade Federal de Ouro Preto – Ufop); Maria Clara Soares (Universidade Federal de Ouro Preto – Ufop); Karina Gomes Barbosa (Universidade Federal de Ouro Preto – Ufop)
O artigo busca analisar as coberturas jornalísticas de dois feminicídios e uma tentativa, acontecidos em 1987, 2016 e 2025, respectivamente, do veículo Correio Braziliense. A intenção é compreender como as vidas e mortes de Thaís Mendonça, Louise Ribeiro e uma mulher que não teve seu nome identificado são retratadas pelas notícias. A metodologia utilizada foi a Análise de Cobertura Jornalística, de Gislene Silva e Flávia Dourado (2011), que investiga as estratégias utilizadas nas narrativas jornalísticas. O corpus da pesquisa é composto por quatro matérias, uma de cada vítima e uma que as conecta. Como resultados, percebemos que, embora tenham ocorrido mudanças, o jornalismo hegemônico, ao produzir notícias desrespeitosas, ainda contribui para que mulheres não tenham direito à memória e dignidade mesmo após mortas.
Debate: 9h – 9h15
Sessão 8 – Jornalismo em contextos de violência: 9h15 – 10h15
Coordenação/Mediação – Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– “Ela Tinha Que Acabar Mal”: a construção jornalística de Ângela Diniz na revista Manchete
Kézia Analla Chaves (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP); Frederico Tavares (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
Este artigo investiga o processo de construção da imagem de Ângela Diniz emreportagens da revista Manchete, analisando como o periódico enquadrou sua trajetóriae eventos subsequentes ao seu assassinato. Por meio da análise de um corpus de matérias publicadas entre as décadas de 1970 e 1980, examina-se a seleção e ênfase de aspectos da vida de Ângela que resultaram em representações multifacetadas: da socialite transgressora e “Pantera de Minas”, à vítima de um crime passional. A pesquisa problematiza a cobertura da revista, observando como a lógica editorial do periódico priorizou a manutenção de certos sentidos ao longo do tempo, bem como perpetuou uma leitura específica sobre Ângela Diniz.
– Entre Lembranças e Homenagens: A Cobertura da TV Globo Um Ano Após o Ataque do Hamas a Israel
Lara Cavalheri Soares (Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF)
Este artigo visa analisar como o conflito Israel-Hamas foi abordado por telejornais da TV Globo, um ano depois do início do conflito. Para isso foram selecionadas as matérias veiculadas nos quatro telejornais da TV Globo, do dia sete de outubro de 2024, sendo eles o Bom Dia Brasil, o Jornal Hoje, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo. As matérias foram analisadas através do percurso metodológico da “Análise de temas sensíveis no telejornalismo”, nas categorias: “contexto”, “metáfora”, “vozes” e “edição”, com base em Musse et al. (2022). A revisão teórica inclui discussões sobre a memória coletiva (Halbwachs, 1990) e a subjetividade no jornalismo (Moraes, 2022). Este conceito trata de um formato emergente no telejornalismo brasileiro, que privilegia a subjetividade do enunciador, através da veiculação de conteúdos sensíveis, neste caso, com foco na memória.
– Considerar vulnerabilidades de povos migrantes na fronteira México-Estados Unidos em imagens fotojornalísticas
Camila Fernandes (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG); Ângela Cristina Salgueiro Marques (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
Neste artigo olhamos para imagens fotojornalísticas feitas para uma matéria da BBC News que acompanha voluntários da equipe de resgate “Águias do Deserto”, responsável por percorrer o inóspito deserto de Sonora, na fronteira México e Estados Unidos, em busca de migrantes perdidos ou mortos. Selecionamos imagens e relatos que nos permitem dialogar com Judith Butler (2004, 2015, 2019) e Marielle Macé (2018), visando refletir sobre a importância de uma responsabilidade ética corporificada a ser construída a partir da consideração de povos migrantes e da enlutabilidade de suas vidas. Assim, o fazer jornalístico pode interferir nas lógicas e nos esquemas de inteligibilidade que conduzem os julgamentos morais acerca das vidas que merecem ser protegidas ou não.
– Gênero, infância e violência: os assassinatos de Ana Lídia Braga e Miriam Brandão no Correio Braziliense e Estado de Minas
Ana Beatriz Nogueira Justino (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP); Ana Luiza Rodrigues da Silva (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP); Karina Gomes Barbosa (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
Este artigo analisa a cobertura jornalística dos casos Ana Lídia Braga (1973) e Miriam Brandão (1992), a partir das capas dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas, respectivamente, no primeiro mês após os desaparecimentos das meninas. O objetivo é compreender como as representações das vítimas foram construídas, com ênfase nos discursos de gênero acionados – ou não – pela mídia. A partir da análise de material impresso de grande circulação e impacto social – sobretudo à época dos acontecimentos –, busca-se refletir sobre as práticas jornalísticas e os enquadramentos adotados em dois contextos históricos distintos, considerando como infância, classe e gênero atravessam essas narrativas. As análises também discutem os aspectos sociais, simbólicos e culturais que contribuíram para a repercussão dos casos.
Debate: 10h05 – 10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (9h15 – 10h15)
Sala 07 (Bloco I)
Sessão 9 – Jornalismo e formas de resistência (9h15 – 10h15)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF)
– Por uma revisão étnico-racial da história do jornalismo do Brasil: o Jornal da Revolta dos Búzios
Aíla Cristhie dos Santos Cardoso (Universidade Federal da Bahia – UFBA)
Este artigo pretende revisar a história do jornalismo brasileiro no que tange à abordagem do aqui elencado “Jornal da Revolta dos Búzios”. O intuito da análise é demonstrar o silenciamento étnico racial do jornalismo negro na história do jornalismo do Brasil. Dessa forma, foi selecionado o Jornal da Revolta dos Búzios, por identificá-lo como o primeiro arquivo jornalístico negro no país. Com o objetivo de rediscutir a gênese do jornalismo brasileiro e a importância de abordar outros marcos históricos do jornalismo. O propósito da pesquisa é combater o epistemicídio (Carneiro, 2005) dentro do campo jornalístico e reivindicar uma história do jornalismo negro.
– Vinte e Cinco de Março: O papel da mídia abolicionista em Campos dos Goytacazes
João Pedro Mendes Dias (Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ); Cristine Gerk Pinto Carneiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ)
*Concorrente ao Prêmio José Marques de Melo.
Este artigo busca analisar o papel do periódico “Vinte e Cinco de Março”, fundado por Luiz Carlos de Lacerda, como agente de propagação de informação e mobilização social do movimento abolicionista em Campos dos Goytacazes, entre 1884 e 1888. É interpretado, também, o papel do jornal nos conflitos referentes à questão servil na cidade e o seu posicionamento em relação à escravidão e às respostas senhoriais. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica de estudos realizados sobre o tema e uma análise documental do conteúdo publicado no próprio periódico e de registros históricos sobre a história da região.
– O Sexo Feminino: emancipação da mulher por meio da produção letrada
Maria Eduarda Gonzaga dos Santos (Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG); Maria Eduarda da Silva Sperandio (Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG)
Este artigo visa analisar o jornal O Sexo Feminino, redigido por Francisca Senhorinha da Motta Diniz, com base na primeira edição, publicada em 7 de setembro de 1873; na edição comemorativa 45, publicada um ano depois, em 1874; na primeira edição de 1875; e, por fim, na primeira edição de 1889, quarto e último ano de existência do periódico. A partir do pressuposto de que o periódico seja uma espécie de projeto de emancipação das mulheres por meio da educação, a folha aponta as reivindicações femininas no século XIX, trazendo a independência, os direitos e as lutas das mulheres oitocentistas como pautas centrais. A fim de compreender as problemáticas que circurdavam as demandas femininas da época, nos debruçamos sobre as quatro edições pré-selecionadas do O Sexo Feminino.
– Revisitando a história: a contribuição das mulheres na construção do jornalismo esportivo brasileiro
Karina Santos (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP); Nair Prata (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
O jornalismo esportivo no Brasil surgiu em 1910 e foi inicialmente dominado por homens. A inserção feminina ocorreu apenas em 1947, com Maria Helena Rangel, e só voltou a registrar novas presenças nas décadas de 1960 e 1970, revelando a dificuldade de inclusão. A presença de mulheres negras foi ainda mais tardia, destacando-se Vera Daisy Barcellos como pioneira em 1978. No jornalismo televisivo a participação feminina iniciou-se nos anos 1980, com uma marcante ausência de mulheres negras. Diante deste cenário, esse artigo busca investigar e registrar a história das mulheres que ajudaram e judam a construir o jornalismo esportivo no Brasil. O estudo traz um apanhado nacional, e um recorte regional, tendo Minas Gerais como foco, ressaltando também os impactos do racismo na profissão.
Debate: 10h05 – 10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (10h30 –12h)
Sala 03 (Bloco I)
Sessão 10 – Jornalismo e relações urbanas (10h30 – 12h)
Coordenação/Mediação – Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF) e Phellipy Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
– “Hediondo Crime”: análise da notícia de um homicídio em Belo Horizonte no Diário Oficial em 1898
Bruno Guimarães Martins (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG); Enzo Menezes de Menezes (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
O artigo investiga como o Minas Geraes, Diário Oficial dedicado a representar a institucionalidade do Estado, apresentava configuração diversa no fim do século XIX. A análise de edições em 1898, ano em que passa a ser publicado em Belo Horizonte, mostra a presença de notícias de crimes e outras temáticas que apontam para indícios de conflitos, contradições e fissuras do projeto moderno e higienista pretendido para a capital recém-inaugurada. Algo parece fora de lugar: a partir de reflexões de Certeau (2007), Gumbrecht (1992) e Koselleck (2006), analisamos vestígios que apontam para limiares de um projeto urbanístico e de um fazer jornalístico na nova capital de Minas.
– Anúncios e Testemunho em O Correio de Porto Seguro e O Norte, na década de 1920
Wanny Karen Andrade Santana (Universidade do Estado da Bahia – UNEB); Andréa Cristiana Santos (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
Este estudo investiga os jornais que circularam no interior da Bahia a fim de identificar o agendamento do tema saúde. Para tanto, a pesquisa qualitativa e documental faz análise de conteúdo de 54 edições do Correio de Porto Seguro (1912-1914) e 5 números de O Norte (1914-1917). Verifica se que existe uma inter-relação entre a publicação dos anúncios publicitários e notas, pois os periódicos usam estratégia retórica testemunhal no acionamento de fontes para conferir credibilidade ao uso de determinados medicamentos.
– Vanguardas no pântano: disjunção, isolamento e assombrologia na Raposa Magazine (1980 – 1983)
Francisco Camolezi Melo (Universidade Federal do Paraná – UFPR); Myrian Del Vecchio-Lima (Universidade Federal do Paraná – UFPR)
*Concorrente ao Prêmio José Marques de Melo.
A partir da Raposa Magazine, revista de ideias, humor e rumor publicada pela Fundação Cultural de Curitiba nos anos 1980, este trabalho tem como proposta relacionar a história do jornalismo de cultura curitibano ao projeto de modernização urbana que a cidade viveu nos anos 1970 e 1980. Durante a pesquisa, olhamos com atenção para elementos disjuntivos presentes nos textos publicados pela revista. Para isso, atravessamos uma série de discursos e enredos “fantasmagóricos” que construíram a cidade no imaginário urbano local e nacional, como a dicotomia província-metrópole, as tendências contra-tropicais e higienistas da história de formação do Paraná e os projetos estruturais urbanísticos dos anos 1970, a exemplo das estações tubo e o calçadão da rua XV, primeira via exclusiva de pedestres do país.
– A narrativa da retomada de Recife (1654) em uma relação de acontecimento portuguesa
Eduardo Comerlato (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS)
O artigo analisa uma relação de acontecimento publicada em Lisboa, em 1654, sobre a guerra entre portugueses e neerlandeses em Recife: a Relaçam Diária do Sítio, e Tomada da forte praça do Recife recuperação das Capitanias de Itamaracá, Paraiba, Rio Grande, Ciará, & Ilha de Fernão de Noronha, por Francisco Barreto Mestre de campo general do Estado do Brasil, & Governador de Pernambuco. A partir dos aportes teórico-metodológicos da Análise Crítica da Narrativa, busca-se compreender as estratégias utilizadas para narrar os eventos do fim do Brasil Holandês, bem como examinar o papel dos folhetos no desenvolvimento do jornalismo da Idade Moderna.
– Jornal O Debate sob a colaboração de Lima Barreto
Isabela Bitencourt (Universidade Federal Fluminense – UFF); Rachel Bertol (Universidade Federal Fluminense – UFF)
O artigo se propõe a apresentar aspectos da história do semanário O Debate a partir da colaboração do escritor Lima Barreto em 1917. O jornal fundado por Astrojildo Pereira e Adolpho Porto circulou por alguns meses no ano em que o Brasil declarou guerra à Alemanha e entrou na Primeira Guerra Mundial, mesmo ano da Revolução de Outubro na Rússia. Identificado ao ideário da esquerda, o jornal integrava um conjunto de pequenos periódicos devotados a causas políticas com os quais Lima Barreto colaborou, exercendo com liberdade sua crítica social. A pesquisa se baseou em consulta à Hemeroteca da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já que o periódico não foi encontrado na coleção da Fundação Biblioteca Nacional.
Debate: 11h20 – 11h45
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Sessão 11 – Reunião Anual do GT História do Jornalismo
*11h45 – 12h30
GT História da Mídia Alternativa
Coordenação Nacional: Rozinaldo Antonio Miani (UEL) e Célia Regina Trindade Chagas Amorim (UFPA)
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Manhã (08h30 – 10h15)
Sala 205 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 3 – Outros olhares da mídia alternativa (08h30 – 10h15)
Coordenação/Mediação: Rozinaldo Antonio Miani
ABERTURA DAS ATIVIDADES DO GT: 08h30 – 08h45
– Transformações do jornalismo cultural alternativo no Paraná: a produção da cultura no
ambiente digital
Maria Cecília Tramontin Mascarenhas (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG), Karina Janz
Woitowicz (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG), Elaine Barcellos de Araújo
(Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG)
* Concorrente ao Prêmio José Marques de Melo
O presente trabalho tem por objetivo apresentar um panorama relacionado ao jornalismo cultural
paranaense, abordando um breve histórico dessa forma de produção da mídia alternativa no Estado e
sua importância para o registro da cultura dos grupos sociais. A partir de uma pesquisa de caráter
exploratório voltada a diferentes formas de produção do jornalismo cultural, digital e alternativo no
Estado, serão observados dez periódicos com o objetivo de entender seu funcionamento,
características e propostas editoriais. Também pretende-se perceber aspectos da produção do
jornalismo cultural no Paraná diante do processo de atualização e migração de veículos impressos
para o ambiente digital.
– Comunicação alternativa e escolas de samba: estado de arte no repositório da CAPES
Samara Miranda da Silva (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF), Cláudia Thomé
(Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF)
Veículos comunicacionais alternativos, as Escolas de Samba têm o potencial de agendar, pautar,
rememorar e eclodir narrativas contra-hegemônicas e de resistência. A presente pesquisa visa realizar
o estado da arte, a partir da busca por “Escolas de Samba” no repositório de dissertações e teses da
CAPES. A partir desse mapeamento, o objetivo foi, além de detectar o quantitativo de pesquisas
sobre as escolas de samba, observar de que forma o campo da Comunicação está estudando esses
veículos, e quais os focos de tais pesquisas. As considerações iniciais reportam para um hiato no
campo comunicacional, sendo 10 pesquisas apresentadas, porém nenhuma com temas que
considerem as agremiações como veículos comunicacionais afrodiaspóricos.
– Mapeamento do jornalismo de rock na era digital: uma análise das manifestações nostálgicas
na mídia especializada brasileira
Tairine Raquel Santos Martins (Universidade Federal de Juiz de Fora -UFJF) / Janaína Nunes de
Oliveira Ribeiro (Universidade Federal de Juiz de Fora -UFJF)
* Concorrente ao Prêmio José Marques de Melo
Com base na metodologia de análise de conteúdo (Bardin, 1977), o trabalho observou a influência da
nostalgia na ideia de crise do jornalismo de rock na era digital. Por meio do recorte composto por
quatro sites da mídia especializada brasileira – “Rolling Stone Brasil”, “Whiplash.net”, “Tenho Mais
Discos Que Amigos!” e “Igor Miranda” -, chegamos a uma amostra formada por doze textos
referentes às categorias “crítica”, “curiosidade” e “notícia”. Aplicando os critérios de análise
provenientes do referencial teórico sobre o jornalismo cultural, de rock e nostalgia, foi possível
mapear o cenário atual do segmento e identificar como a nostalgia contribui no clima de crises desde
a popularização da internet.
– Dispersão conceitual nos estudos sobre outras formas de produção jornalística: um olhar
sobre a América Latina
Robson Roque (Universidade Federal do Ceará – UFC), Edgard Patrício (Universidade Federal do
Ceará – UFC)
O artigo apresenta uma revisão sistemática de literatura, combinada com análise de conteúdo, com o
objetivo de mapear e organizar conceitualmente estudos sobre iniciativas jornalísticas que se
posicionam como alternativas ao modelo convencional, especificamente no contexto latino
americano. A análise de 79 artigos identificou uma significativa dispersão terminológica, com 23
expressões distintas utilizadas para nomear tais práticas. Como resposta a esse cenário, propõe-se
uma tipologia composta por cinco tipos-ideais: Arranjos Jornalísticos, Jornalismo Alternativo,
Jornalismo Comunitário, Jornalismo Independente e Jornalismo das Periferias. A tipologia visa
oferecer um referencial teórico que contribua para a sistematização e aprofundamento das pesquisas
sobre práticas jornalísticas emergentes na América Latina, reconhecendo sua diversidade, potencial
transformador e papel na ampliação do pluralismo informativo.
– Informação Marginal: os deslocamentos do discurso noticioso pela sátira e pela provocação
Gracy Kelly Laport Coelho (Universidade Federal de Ouro Preto -UFOP)
Sob o regime ditatorial que impôs censura e apagamento de direitos individuais e sobre a produção
artística e de informação entre os anos de 1964 e 1985 no Brasil, insurgem movimentos que deslocam
o lugar da notícia e do acontecimento, agora não mais circunspectos nos meios tradicionais de
informação ou na imprensa hegemônica. Movimento semelhante ocorre no contexto de um Brasil
acometido pela pandemia de Covid-19 sob o comando do então presidente Jair Bolsonaro em um
regime de extrema direita. Este artigo propõe analisar a obra Quem Matou Herzog?, do artista
brasileiro Cildo Meireles, e obras do projeto #QuarentenaProjetada como fenômenos marginais de
informação que subvertem a ordem dominante e usam da edição, circulação e intervenção para
deslocar o acontecimento e a percepção social da realidade.
Debate: 09h35 – 10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (10h30 –12h)
Sala 205 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 4 – Mídias alternativas e suas pluralidades (10h30 – 12h)
Coordenação/Mediação: Rozinaldo Antonio Miani
– Entrevista: Agência FOTEC – Comunicação experimental e protagonismo na mídia
alternativa potiguar
Thalita Oliveira Gonçalves Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN), Marcelo
Bolshaw Gomes (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)
A Agência FOTEC, projeto experimental de comunicação da UFRN, dedica-se à promoção da
comunicação popular e cidadã, visando fomentar a contra-hegemonia e a emancipação social. Sua
principal finalidade reside na formação de ativistas midiáticos e no estímulo ao exercício do direito à
cidadania. A investigação, com o intuito de obter uma compreensão abrangente da iniciativa, adotou
uma abordagem metodológica que articulou a análise documental à entrevista com o idealizador do
projeto. Os resultados evidenciam que a FOTEC opera como um laboratório prático, propiciando
formação técnica, profissional e cidadã, além de estimular a análise crítica da mídia. Conclui-se que
a Agência FOTEC configura-se como um espaço relevante na trajetória da mídia alternativa, ao
impulsionar práticas transformadoras e conferir visibilidade a saberes emergentes.
– Escrever junto aos mortos: feminicídio, necroescritas e a crise do real em Garotas mortas, de
Selva Almada
Regyane Aparecida Bittencourt Marques Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG)
/ Phellipy Pereira Jácome (Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG)
Este artigo analisa o livro Garotas mortas (2018), de Selva Almada, explorando o feminicídio como
estrutura de poder, segundo Rita Segato; a crise da representação e o quarto estatuto do real, de acordo
com Hal Foster; e as necroescritas como resistência à necropolítica, como proposto por Cristina
Rivera Garza. A obra reconstitui três casos de feminicídio ocorridos na Argentina dos anos 1980,
propondo uma escrita que recusa o fechamento investigativo e desloca os limites entre jornalismo,
memória e ficção. Argumenta-se que a autora constrói uma forma de escuta literária que reinscreve
as vítimas no campo do visível, problematizando os limites da representação e da autoria diante da
violência de gênero. A narrativa, marcada pela incompletude, desafia tanto os discursos institucionais
quanto os registros tradicionais da verdade.
– O resgate do passado pela experiência afetiva dos atingidos do desastre de Mariana
Jacob Benjamim Mapossa (Universidade Federal de Ouro Preto- UFOP)
Partindo do debate progressista alçado na matriz colonial, modernista, ocidental e patriarcal, que
alimenta o modelo-mundo capitalista onde a maior preocupação é a exploração dos recursos naturais,
criando desordem na estrutura sociocultural dos povos e destruindo as formas de vida em
comunidades, este artigo nasce da perspectiva descolonial como forma de enfrentamento epistémico
hegemónico para compreendermos os traumas dos atingidos pelo rompimento da barragem da Vale
em Bento Rodrigues, no município de Mariana, no estado de Minas Gerais, Brasil. Assim,
apresentamos o potencial da experiência afetiva para enriquecermos o debate na ordem da
temporalidade dos atingidos que reivindicam a Capela das Mercês como o lugar que representa o
tempo do passado para a cura de traumas da maior tragédia ambiental do Brasil.
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Debate: 11h – 11h30
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Sessão 5 – Reunião Anual do GT História da Mídia Alternativa
*11h30 – 12h
GT História das Mídias Audiovisuais
Coordenação Nacional: Jhonatan Alves Pereira Mata (UFJF) e Mariana Ferraz Musse (ESPM-RJ)
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Manhã (8h30 – 10h10)
Sala 103 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 5 – Audiovisualidades, cinema e memória (9h – 10h10)
Coordenação/Mediação – João Gabriel Xavier Marques (UFJF)
– A crítica cinematográfica em Belo Horizonte a partir dos periódicos “de cinema” catalogados na Coleção Linhares entre 1905 e 1953
Enaile Almeida de Andrade – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Nísio Teixeira – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
* Concorrente ao Prêmio JMM
O presente trabalho aborda 14 periódicos “de cinema” sobre Belo Horizonte, reunidos entre 1905 e 1953 pela Coleção Linhares, disponível na biblioteca central da UFMG. A análise identificou publicações “vinculadas”, associadas a empresas e salas de exibição, e “independentes”. No primeiro grupo, observa-se duas etapas: uma fase de encantamento tecnológico com o cinema, seguida por
publicações que, gradativamente, normatizam a informação e até mesmo o comportamento sobre (e no) cinema, culminando com incipientes questionamentos acerca da indústria e do papel social do cinema. O segundo grupo evidencia a cena da crítica cinematográfica na capital mineira, tanto pela presença de publicações que abordam a rotina do mercado de exibição como outras produzidas por integrantes ligados ao Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), em fase ainda anterior à célebre “Revista de Cinema” , lançada em 1954.
– O Último Cinema De Rua Em Juiz De Fora – Uma Discussão Sobre O Apagamento De Espaços Cinematográficos
Aline Gomes Alvim, João Gabriel Xavier Marques, Christina Ferraz Musse – Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF).
Este artigo analisa a trajetória histórica dos cinemas de rua em Juiz de Fora – MG, com foco especial no fechamento do último deles, o Cine Palace que teve as atividades encerradas em 2017. A partir desse caso, propõe-se uma reflexão sobre o apagamento desses espaços culturais, utilizando como base o conceito de indústria cultural, formulado por Adorno e Horkheimer. O estudo busca compreender como o consumo de mídias audiovisuais se modifica ao longo do tempo, evidenciando as transformações nas formas de acesso e apreciação do cinema, bem como tenta explorar as noções de mercantilização da arte dentro do capitalismo moderno.
– O CONSUMO DE FILMES NACIONAIS NAS SALAS DE CINEMA NO BRASIL APÓS A PANDEMIA DE COVID-19: Um Olhar Histórico sobre os Ciclos de Ascensão e Crise do Cinema Brasileiro
Edineiwes Lima da Rocha – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Murilo Ferreira Santos Silva – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
* Concorrente ao Prêmio JMM
Este estudo analisa o consumo de filmes nacionais no Brasil pós-pandemia, comparando-o a ciclos históricos e identificando os tipos de produções que mobilizam o público. A pesquisa revela que, além das comédias populares, os dramas biográficos, como “Ainda Estou Aqui”, são grandes destaques, impulsionados pela preferência por histórias reais e pelo prestígio internacional. Contudo, o consumo enfrenta barreiras como a conveniência do streaming, o preço do ingresso e a mudança de hábito pós-pandemia. A recuperação do setor, com expansão de salas e apoio de políticas públicas, é evidente.
– O arquivo de entretenimento da Rede Globo: organização, preservação, fragmentos e recuperação
Gabriel Salgado Sarturi – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Leandro Stevens – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Danilo de Albuquerque Rodrigues – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
* Concorrente ao Prêmio JMM
Este trabalho apresenta uma cronografia da manutenção do acervo audiovisual de entretenimento da Rede Globo, com maior atenção às décadas de 1970 e 1980. O intuito é investigar, a partir do cenário teórico clarificado em Lodolini (1993), o entendimento do conceito “arquivo” na tratativa do audiovisual, assim particionado em setor, suporte e catálogo. A partir de averiguações realizadas em entrevistas em profundidade com profissionais ligados ao departamento de arquivo da estação e sua utilização, junto de análise documental em acervos digitais de periódicos, foi possível reconstituir as dificuldades e as iniciativas do originalmente intitulado Arquivo de VT na salvaguarda do documento audiovisual de entretenimento da emissora. Averiguou-se, portanto, a razão da detectada exiguidade a qual acomete diversas obras deste patrimônio cultural.
Debate: 9h40 – 10h10
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (8h30 – 10h10)
Sala 203 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 6 – Audiovisualidades e plataformização (9h – 10h)
Coordenação/Mediação – Gustavo Daudt FISCHER (UNISINOS)
– ENTRE A TV E O FEED: Vai na Fé e a nova dinâmica de consumo de telenovelas
Fabíola Lima Silva – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Denise Figueiredo Barros do Prado – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Este artigo problematiza as transformações no consumo de telenovelas na sociedade contemporânea a partir da análise das postagens na rede social “X” de telespectadores referentes à cena de reencontro de Sol e Ben, casal protagonista da telenovela “Vai na Fé”, exibida pela Rede Globo em 2023. O estudo busca investigar como as interações dos telespectadores, compartilhadas por meio de comentários postados associados ao tema do episódio da telenovela, podem revelar percepções do público sobre a trama, bem como apontar sentidos sobre a recepção da narrativa. Utilizando conceitos como tempo midiático, presentismo e participação, o artigo discute como a convergência entre a televisão e as mídias digitais transforma o papel do público e revela formas de participação e envolvimento com as histórias televisivas.
– Audiovisualidades nas plataformas digitais: uma análise cronológica
Débora Oliveira – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Caio Ferreira – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jhonatan Mata – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Conhecer a memória das audiovisualidades nas plataformas digitais é compreender a trajetória destes espaços de fluxo comunicacional, seus processos de formação, transformação e possíveis perspectivas para o futuro do audiovisual em rede. Assim, o presente artigo se propõe a realizar uma análise cronológica e memorial das audiovisualidades a partir de suas linguagens e formatos nas principais plataformas digitais: Youtube, Instagram e TikTok. A partir do referencial bibliográfico de Santaella, Jenkins, Recuero e Sodré, e do hibridismo entre formatos da atualidade, o artigo identificou diversas transformações nestes espaços que se apoiam em uma lógica mercadológica e comercial de concorrência, quando as plataformas abandonam suas missões iniciais e replicam o que está em alta ou tem potencial de engajamento.
– O tempo projetado pelo olhar a partir das cenas do remake Pantanal: o “antes” se torna “depois”, e o “depois” se torna o “antes?
Gustavo Daudt Fischer – Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Raiana Garay Cândido – Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).
O presente artigo analisa as diferenças entre a primeira versão de Pantanal (1990), da TV Manchete, e seu remake recente (2022), da TV Globo, explorando como essas perspectivas refletem e influenciam a tecnocultura audiovisual. A partir da metodologia de linhas e superfície (FLUSSER, 2002), investigamos como a memória televisiva, fundamentada nas práticas de escavação arqueológica (FISCHER, 2013), é resgatada e adaptada em novos ambientes digitais. Além disso, o estudo busca apresentar evidências que possam dialogar com o telespectador-usuário, visando estabelecer um elo entre a construção da memória coletiva e as novas transformações digitais. Dessa forma, aproxima-se passado e presente para ampliar a experiência do conteúdo televisivo.
– Coisa Mais Linda entre representação, consumo e superficialidade
Lara Karoline Souza de Aquino – Universidade Paulista (UNIP), Carla Montuori Fernandes – Universidade Paulista (UNIP).
Coisa Mais Linda (2019-2020) é uma série da Netflix que se propõe a retratar a luta feminina nos anos 1960, desafiando os padrões sociais impostos pela sociedade patriarcal. A produção despertou no público certa identificação nas redes sociais digitais, especialmente em relação ao empoderamento feminino. Aqui, sob a perspectiva da análise de conteúdo para TV proposta por Casetti e Chio (2009), entendemos que, embora a série contribua para debates contemporâneos sobre gênero e representatividade, ela se perde ao não levantar de fato bandeiras e problemáticas relativas ao feminismo. As ações apresentadas são majoritariamente individuais, e não coletivas, no combate ao machismo, o que limita o alcance da discussão proposta.
Debate: 9h40 – 10h10
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Sala 204 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 7 – Audiovisualidades e pedagogias do ver (9h – 10h10)
Coordenação/Mediação – Jhonatan Mata (UFJF)
– Educação, produção de vídeo e transmídia: contribuições no ensino superior no município de Blumenau/SC
William Campos da Silva – Universidade Regional de Blumenau; Rafael José Bona – Universidade Regional de Blumenau.
O uso de mídias e tecnologias na educação está em constante crescimento, tornando a transmídia uma ferramenta para expandir o ensino. Esta pesquisa investiga como a produção de vídeos e o uso da transmídia contribuem para a educação superior, a partir da percepção dos estudantes do curso de Tecnologia Educacional de uma Instituição de Ensino Superior de Blumenau, em Santa Catarina. A metodologia adotada é qualitativa, com análise documental de materiais produzidos na disciplina Produção de Conteúdo Multimídia. Os resultados indicam que a produção de vídeos favorece a aprendizagem ao conectar teoria e prática, tornando os conteúdos mais dinâmicos. Além disso, a transmídia amplia o engajamento dos estudantes, promove uma relação mais ativa com o conhecimento e possibilita conexões entre diferentes formatos e plataformas midiáticas.
– A busca por uma Prática Audiovisual Libertadora: Explorando a Centralidade do Audiovisual na Educação Midiática e Extensão Universitária
Caio Ferreira- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Sara de Moraes- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Jhonatan Mata – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Este artigo tem como objetivo discutir se há onipresença do audiovisual como elemento da prática extensionista educomunicativa. Em uma sociedade midiatizada, e mais especificamente no Brasil, onde o entrecruzamento entre os letramentos da escrita, da oralidade e audiovisual produz um amalgamado que “mobiliza uma série de competências e habilidades de natureza interdisciplinar”. (TEIXEIRA e COSTA, 2024), nossa hipótese é que o audiovisual tem uma centralidade nestes processos que envolvem o ensino da comunicação na prática extensionista dos cursos de comunicação. Iniciamos esta investigação por meio de uma revisão de literatura nos repositórios da CAPES, entre os anos de 2004 e 2014, a fim de contribuir para as reflexões da intercessão entre os conceitos de Educomunicação e Educação Midiática, e Audiovisual, com vistas a verificar como as práticas envolvendo o uso das telas e do audiovisual são abordadas nestes trabalhos. Assim, é possível compreender, se, e como suas interlocuções e potencialidades se entrelaçam para a constituição de uma cidadania comunicativa. O estudo se baseia na perspectiva teórico-metodológica da Educomunicação e nas reflexões de Paulo Freire, Muniz Sodré, Ismar de Oliveira Soares, Jhonatan Mata, dentre outros autores que abordam as relações entre comunicação, extensão e práticas pedagógicas.
– Caminhos da exibição cinematográfica no interior de Minas Gerais: olhares sobre o processo difusor de Carlos Scalla
Jéssica dos Santos Lima Pereira – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Adriano Medeiros da Rocha – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
O artigo discute a atuação do pioneiro Carlos Scalla como exibidor cinematográfico no interior de Minas Gerais, destacando seu papel na criação de uma relação afetiva entre público e tela. Por meio de revisão bibliográfica, fontes documentais e materiais institucionais, discute-se o papel do exibidor como criador de vínculos simbólicos, revelando um cinema que se faz com o outro e para o outro, desde o interior do Brasil.
– Caminhos e formas da produção ficcional experimentada pela WebCINETV UFOP
Adriano Medeiros da Rocha — Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Regiane Barbosa Oliveira – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
O artigo aponta possibilidades de uso das webTVs universitárias como ambientes relevantes para além da formação profissional, por se constituírem tanto como espaços de experimentação da linguagem audiovisual e de recursos multimídia, quanto de socialização. Esta pesquisa participante descortina processos de criação ficcional experimentados pela equipe da WebCINETV UFOP, criada no ano 2000, no Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas da IFES. Neste relato etnográfico, busca se evidenciar como o uso de ferramentas digitais de maneira crítica e criativa pode contribuir para o exercício da cidadania, da diversidade e da cultura, através do cinema e do audiovisual.
Debate: 9h40 – 10h10
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (10h30 – 12h)
Sala 103 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 8 – Possibilidades e ressignificações da linguagem audiovisual (10h30 –
12h)
Coordenação/Mediação – Luanda Dias Schramm (UFRJ)
– O Estranho Caso do Sub-Gênero Desaparecido: Em Busca de uma Definição Para o Film Noir
Daniel Leal Werneck – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Camila Almeida Lopes – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Desde o final da década de 1940, críticos, estudiosos e cinéfilos sabem o que é o film noir — mas aparentemente a nossa dificuldade de explicar ou definir esse sub-gênero dos filmes de crime parece ser tão grande quanto a popularidades deles. Em tempos recentes, diversos pesquisadores chegaram a afirmar que o noir nunca existiu como categoria ou que seria impossível classificá-lo como tal. Abordando tangencialmente essa polêmica, buscamos aqui definir o que seria um film noir aproveitando essa oportunidade para discutir o próprio conceito de gêneros e sub-gêneros ficcionais, e as metodologias disponíveis para definir suas características.
– O TRABALHO DAS IMAGENS NO VIDEOCLIPE FAZER DINHEIRO
Alice Sagaterio – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Nilson Alvarenga – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Este trabalho é um recorte de um pré-projeto de monografia em jornalismo e propõe uma reflexão sobre o videoclipe Fazer Dinheiro, da artista Afreekassia, a partir da teoria do “trabalho das imagens”, de Jacques Rancière. A partir de uma análise comparativa, o trabalho busca compreender como o videoclipe realiza operações na partilha do sensível, vislumbrando uma cena de dissenso. A pesquisa utiliza como principais referências teóricas os textos de Rancière (2009; 1996; 2021), Andrea Soto Calderón (2021), além de autores como Arlindo Machado (2000) e Thiago Soares (2017), referências no campo de videoclipes e estética audiovisual. O estudo tem como hipótese que o videoclipe, enquanto espaço político, é capaz de tensionar as lógicas de visibilidades hegemônicas, colocando atores “invisíveis” em evidência.
– Para além do Felizes para Sempre: violência contra a mulher e possibilidades de emancipação em “A Bela e a Fera”
Laura Adler Lara de Oliveira – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Amanda Mota de Oliveira – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O presente artigo se vale das ideias de Judith Butler, Lourdes Maria Bandeira, Nancy Fraser, Flávia Biroli e Mariele Macaé para realizar uma análise das performatividades de Bela e dos dois personagens masculinos principais do longa-metragem “A Bela e a Fera”; (1991), tendo em vista compreender e observar quais normas regulatórias são reforçadas ou desafiadas na narrativa. Dessa forma, a produção quer avançar sobre as discussões apresentadas em trabalho anterior realizado pelas mesmas autoras. Busca-se também ir além, realizando aproximações com o ciclo da violência doméstica para compreender se a visão proposta na narrativa da experiência de Bela confunde mulheres quando se trata de identificar relacionamentos tóxicos e imaginar maneiras de emancipação na amizade feminina a partir das reflexões propostas por Marilda Ionta.
– Dilemas da representatividade no mercado audiovisual contemporâneo
Luanda Dias Schramm – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Klein Kohl – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O trabalho analisa a crescente demanda social por maior representatividade de grupos sociais minoritários nas produções audiovisuais, diante da histórica sub-representação desses grupos, tanto nas produções de entretenimento como nos segmentos informativos. Tal demanda, por parte dos diferentes públicos, costuma ser “atendida” no mercado audiovisual, por estratégias de cooptação da atenção desses públicos, por meio do uso ambivalente de estereótipos presentes nos modelos identificatórios da Indústria da Cultura. A proposta é discutir alguns problemas teóricos e epistemológicos que advêm do uso histórico das noções de identidade e representação política, para avaliar o papel dos conglomerados midiáticos na despolitização da gramática das reivindicações políticas contemporâneas.
– Sexo, Sangue e Subversão: História e renovação do slasher através da análise de X (2022)
Luísa Silva Baraldo Paiva – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Este artigo analisa o filme X – A Marca da Morte (Ti West, 2022) como um exercício de atualização narrativa e política do subgênero slasher, com ênfase na reconstrução da figura da final girl. Através da análise das personagens femininas, especialmente Maxine e Pearl, discute-se como o filme tensiona dicotomias como juventude e velhice, pureza e desejo, bem e mal, ressignificando arquétipos clássicos do horror. A narrativa fílmica e sua metalinguagem revelam um confronto simbólico entre valores conservadores e novas subjetividades femininas, refletindo debates contemporâneos sobre sexualidade, agência e o olhar masculino na cultura audiovisual. A obra é lida como uma crítica à nostalgia moralista e como abertura para reimaginar o papel da mulher no horror.
Debate: 11h20 às 12h
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Manhã (10h30 – 12h)
Sala 203 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 9 – Territorialidades e audiovisual (10h30 – 11h30)
Coordenação/Mediação – Paulo Mauricio Schueler da Encarnação (UFF)
– Falas da Terra e O Território, crônicas indígenas de luta
Paulo Mauricio Schueler da Encarnação – Universidade Federal Fluminense (UFF)
O trabalho analisa dois produtos audiovisuais: o especial Falas da Terra, exibido pela Rede Globo de Televisão em 19 de abril de 2021, Dia Nacional dos Povos Indígenas; e o documentário O Território, lançado pela National Geographic em 2022; como denúncias audiovisuais do desrespeito aos povos indígenas e a seus direitos/territórios durante a presidência de Jair Bolsonaro (2019-2022), a partir da análise de seus textos e imagens.
– A Outra Face do Espelho: Visualidades da América Latina entre Encobrimento e Encantamento
Aryanne de Oliveira Araújo – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Este artigo investiga como a modernidade e sua outra face, a América Latina, são representadas em dois videoclipes: Latinoamérica (2011), da banda porto-riquenha Calle 13, e Um Corpo no Mundo (2017), da cantora baiana Luedji Luna. A partir das formulações de Enrique Dussel e Aníbal Quijano sobre a modernidade como mito e mentira, e de Arjun Appadurai sobre a imaginação como campo social, refletimos sobre as imagens audiovisuais que projetam uma identidade regional entre o orgulho e a ferida, entre o espelho e o encobrimento. Com Silvia Rivera Cusicanqui, problematizamos os limites dessas representações, que muitas vezes se apoiam em estéticas reconciliadoras ou palavras mágicas, diluindo o conflito e a potência política da diferença.
– Ciclo de Poder: Permanências e Rupturas na Trajetória da Concentração Midiática Audiovisual
Lucca Favoreto – Universidade Federal Fluminense (UFF).
Este trabalho propõe uma análise histórica comparada da concentração de poder no setor audiovisual, partindo da Era de Ouro de Hollywood (décadas de 1920 a 1960) até o cenário contemporâneo de plataformização digital promovido por conglomerados como Apple e Amazon. A partir da lógica de verticalização e do controle das etapas de produção, distribuição e exibição, são identificadas
permanências e transformações estruturais nos modelos de organização midiática. A análise, dividida em quatro ciclos — cinema clássico, televisão aberta, televisão fechada e streaming —, utiliza a comparação entre contextos históricos como lente crítica para compreender os mecanismos atuais de concentração. Ao final, defende-se a ampliação do debate público e acadêmico sobre regulação e soberania cultural, diante da reconfiguração do oligopólio midiático por empresas transnacionais e das ameaças à livre concorrência, aos direitos trabalhistas e ao acesso democrático à cultura.
– CINE-THEATRO PARATODOS: A construção da Memória Coletiva do bairro Borboleta através do cinema
Christina Ferraz Musse – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Sophia da Silva Bispo – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Flávia Quintanilha Nepomuceno – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O presente artigo resulta do projeto de pesquisa “A experiência da ida ao cinema: subjetividade, memória e comunicação”, que investiga a história dos antigos cinemas de rua de Juiz de Fora (MG) como espaços de sociabilidade e construção simbólica. A partir da produção do 17o episódio da websérie “Cinemas de Rua de Juiz de Fora”, dedicado ao Cine-Theatro Paratodos, o texto articula relatos de ex-frequentadores com referenciais teóricos sobre memória coletiva, oralidade e narrativas urbanas. Utilizando a metodologia da História Oral, busca-se compreender como os moradores ressignificam o espaço do cinema e como essas memórias, contribuem para a construção de identidades locais. Ao registrar essas vozes, se propõe uma reflexão crítica sobre a cidade, reafirmando o papel da memória como prática social e política.
Debate: 11h10 – 12h
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Sala 204 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 10 – Audiovisualidades e pautas sociais (10h30– 12h00)
Coordenação/Mediação – Caroline Westerkamp Costa (UFSC)
– Telejornalismo e Racismo no Brasil: Gerando Sentidos a Partir da Ótica Negra
Felipe Cardoso – Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Carlos Fernandes – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Artigo analisa como a mídia televisa brasileira, com destaque ao telejornalismo, controlada pela classe dominante, reproduz estruturas racistas, reforçando estigmas e estereótipos a corpos negros, enquanto busca naturalizar o branco e a branquitude como padrão hegemônico e universal. A partir da reflexão da construção da identidade e da diferença, busca-se apontar as dinâmicas existentes de inclusão e exclusão de pessoas nas telas da televisão, analisando criticamente o poder de criação de estruturas simbólicas que contribuem para a manutenção das estruturas físicas. Reflete-se sobre as mudanças recentes, nos anos 2020, com a inclusão de mais personalidades negras na programação, como estratégia mercadológica e superficial. Destaca-se, portanto, a necessidade de narrativas antirracistas, educação crítica e democratização da produção midiática para combater o racismo estrutural, na construção do imaginário social e transformar as configurações e modelos atuais.
– Primeira década da Lei de Feminicídio no telejornalismo: uma análise de episódios do Profissão Repórter
Maria Clara Magalhaes Cabral – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Laura Dilly Dutra Maia – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Christina Ferraz Musse – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Este artigo visa analisar comparativamente dois episódios do programa Profissão Repórter, da TV Globo, que abordam o feminicídio. A investigação utiliza a Análise Televisual Convergente, proposta por Beatriz Becker, para identificar mudanças estéticas, narrativas e simbólicas. Observa-se um avanço no jornalismo televisivo, que deixa de focar apenas na denúncia para assumir papel mais pedagógico e propositivo. Conclui-se que o programa evolui na representação do tema, contribuindo para a construção da memória social e o enfrentamento das violências de gênero.
– História pública e televisão: apontamentos iniciais sobre o legado do programa SC em Cena por meio da história oral
Caroline Westerkamp Costa – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
A proposta desta pesquisa é fazer apontamentos iniciais sobre o legado do programa SC em Cena, a partir da relação entre história pública (Almeida e Rovai, 2013) e televisão. O objetivo é compreender, por meio da história oral, as motivações que levaram à criação do SC em Cena, identificando se o programa teve papel relevante na construção de uma história pública catarinense. A principal questão que orientou este trabalho foi: De que maneira a concepção editorial do programa SC em Cena o caracteriza como uma iniciativa de história pública em Santa Catarina? A história oral temática foi a metodologia utilizada para esta análise. A concepção editorial do programa evidencia sua atuação como uma prática de história pública no contexto catarinense por meio de três elementos que aproximam a produção historiográfica do público em geral.
– De olho na janela: identificando aspectos da Linguagem Televisiva nas primeiras narrativas do Porta dos Fundos
Hellen Ovando da Camara Nogueira – Universidade Estadual Paulista; Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
Este artigo investiga a migração dos elementos formais e narrativos da linguagem humorística televisiva para produções nativas da internet, tomando como objeto os primeiros anos do canal Porta dos Fundos (2012-2015), no YouTube. Verifica-se como a internet, ao oferecer liberdade criativa e novos recursos tecnológicos, reaproveitou e adaptou técnicas consolidadas na televisão. O estudo contextualiza a constituição das gramáticas televisivas e sua evolução histórica, para compreender como o humor televisivo influenciou o vocabulário audiovisual da web. Utilizando a Estética da Repetição, de Omar Calabrese (1988), como ferramenta analítica, destacam-se as aproximações e distinções entre os esquetes do Porta dos Fundos e os humorísticos tradicionais da TV brasileira.
Debate: 11h10 – 12h
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Sessão 11 – Reunião Anual do GT História das Mídias Audiovisuais
*12h00 – 12h20
GT História da Mídia Digital
Coordenação Nacional: Marco Aurélio Reis (UFJF/SEE-MG) e Antônio Simões Menezes (UEPB)
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Manhã (8h30 – 10h10)
Sala 206 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 3 – Política em Rede: Populismos, Plataformas e Narrativas Extremistas (8h30 – 9h45)
Coordenação/Mediação: Nair Prata (UFMG) e Antônio Simões (UEPB)
– Táticas de Comunicação Digital da Extrema Direita Brasileira Pós-2016: uma análise em 3 pontos (Candiato ao Prêmio JIM)
Enzo Feital Ribeiro (UFRJ), Marialva Carlos Barbosa (UFRJ)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Este artigo analisa táticas de comunicação digital da extrema direita brasileira (2016–2025), com foco em três mecanismos: (I) a manipulação algorítmica de percepções políticas via redes sociais, com foco no YouTube; (II) a construção do populismo conservador através de fake news e câmaras de eco; e (III) a instrumentalização da teologia do domínio por igrejas evangélicas. Com base em análise de conteúdo de vídeos, posts e métricas de engajamento, demonstra-se como essas estratégias ameaçam o jornalismo como sistema perito e a democracia brasileira.
– Populismo digital e desinformação: o vídeo viral de Nikolas Ferreira sobre o PIX
André Petris Gollner (Unitau)
O artigo analisa o vídeo “O PIX está unindo o povo”, publicado nas principais mídias sociais pelo deputado federal Nikolas Ferreira, para compreender como estratégias audiovisuais e discursivas potencializam a viralização digital de conteúdos populistas e desinformativos. A pesquisa, de natureza qualitativa e caráter exploratório, combina análise de conteúdo e Análise de Discurso Crítica (ADC) para examinar formato, recursos visuais e narrativa do vídeo. Os resultados mostram que a combinação de linguagem fragmentada, edição rápida, apelos emocionais e enquadramentos antagonistas (“nós vs. eles”) reforça um discurso populista e espetacularizado que pode mobilizar afetos e ampliar o alcance orgânico, a chamada viralização, contribuindo para a circulação de desinformação sobre políticas públicas.
– YouTube no Brasil: 20 anos de transformações na comunicação digital e consolidação como rede social
Fernanda Tunes (FUMEC), Luciana Rocha (FUMEC), Sabrina Rosa (FUMEC), Nair Prata (FUMEC)
O artigo analisa a trajetória de 20 anos do YouTube no Brasil, abordando seu papel nas transformações da comunicação digital e sua consolidação como rede social. A partir de uma abordagem qualitativa e configurado como estudo de caso, o trabalho discute como a Web 2.0 e a cibercultura favoreceram o protagonismo dos usuários e a criação de comunidades virtuais. O YouTube é examinado como plataforma de compartilhamento e interação, com destaque para o seu impacto na produção e consumo de conteúdo, bem como na emergência de blogueiros. A pesquisa explora também os marcos históricos da plataforma, desde os vídeos amadores até sua profissionalização e monetização. Conclui-se que a plataforma contribuiu para a reconfiguração das práticas comunicacionais e culturais, mantendo-se como um espaço dinâmico e influente.
– Educação midiática em pauta: o desafio de produzir reportagens com foco em soluções
Antônio Simões (UEPB)
O objetivo deste trabalho é descobrir se estudantes do Ensino Médio conseguem fazer narrativas de jornalismo de soluções e quais os possíveis ganhos dessa atividade para o processo de aprendizagem. Nesse sentido, foi usada a observação participante. No material analisado, o livro de reportagens “Alô, Campina Grande: Riqueza e diversidade cultural na Rainha da Borborema”, disponível gratuitamente em formato e-book na plataforma Zenodo e no site da EDUEPB, há conteúdos com foco em soluções. Mas, nenhum contempla todos os pilares dessa forma inovadora de contar histórias. Ainda assim, os estudantes constroem relatos com potencial de gerar insights e pertencimento cultural entre seus colegas adolescentes.
– História pública e divulgação científica: estudo de caso do blog da Revista História, Ciência, Saúde – Manguinhos
Alexandre Freitas Campos (UERJ)
O artigo é parte de uma pesquisa em andamento que analisa a divulgação do conhecimento histórico feita pelas universidades públicas do estado do Rio de Janeiro. Nele apresentamos alguns resultados referentes ao blog da Revista História, Ciência, Saúde – Manguinhos (COC/Fiocruz), tendo como referencial teórico a interseção entre história pública e divulgação científica, extraindo do exemplo alguns parâmetros que entendemos poder contribuir para uma divulgação mais eficaz do conhecimento histórico para o público amplo.
Debate: 9h30 – 9h45
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (10h30 – 12h)
Sala 206 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 4 – Entre o Espetáculo e a Subversão: Arte, Gênero e Memória nas Mídias Digitais (10h – 11h15)
Coordenação/Mediação: Luanda Schramm (UFRJ) e Tereza Dulci (UFOP)
– As exposições imersivas a partir da reprodutibilidade técnica, indústria cultural e sociedade do espetáculo: um diálogo entre Benjamin, Adorno, Horkheimer e Debord
Vitória de Oliveira (UFRJ), Luanda Schramm (UFRJ)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Os escritos de Walter Benjamin sobre a experiência estética na era da reprodutibilidade técnica seguem atuais, bem como as propriedades e reinvenções da Indústria da Cultura ou Indústria Cultural (do alemão Kulturindustrie), conforme conceito desenvolvido por Theodor Adorno e Max Horkheimer. No âmbito da produção de bens artísticos, também encontramos em funcionamento a Sociedade do Espetáculo, conceito de Guy Debord que afirma que a espetacularização é o acúmulo de capital em forma de imagem. O presente trabalho propõe investigar algumas conexões teóricas a respeito dos mecanismos de manutenção do capital a partir de uma articulação entre os conceitos desenvolvidos por Benjamin (2013), Adorno e Horkheimer (1985), e Debord (1997) por meio de um estudo de caso sobre as exposições imersivas artísticas.
– Como a História e Memória da Ditadura Militar Brasileira opera no TikTok: um estudo de perfil
Tereza Maria Spyer Dulci (UFOP), Gabriel Antonio Butzen (UFOP)
O presente trabalho busca investigar como a história e a memória da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) são mobilizadas dentro da plataforma de entretenimento TikTok. Para isso, através da metodologia da netnografia, buscamos compreender como um perfil constrói e disputa as narrativas sobre o governo militar através de seus vídeos publicados. Através dos conceitos de negacionismo, apologia, nostalgia e atualização dos discursos dos militares, buscamos compreender como o TikTok se torna espaço para disputas de memória sobre o regime ditatorial brasileiro.
– Calar o Outro: Racismo, Jornalismo e Literatura no Episódio de Censura ao Livro “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório
Isabela Barbosa Cardoso (UFSJ), João Barreto da Fonseca (UFSJ)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Apesar de ser vencedor do prêmio Jabuti, a maior gratificação da Literatura Brasileira, e abordar temas de interesse social, O avesso da pele viralizou na internet por ter sido banido de escolas no Sul. A obra retrata a história de um professor negro morto durante uma abordagem policial, que representa uma versão da história normalmente apagada. A repercussão do caso nas plataformas digitais – como X, YouTube e TikTok – e o repertório bibliográfico são os principais objetos de estudo para essa pesquisa em busca de entender quais foram as abordagens utilizadas e o que elas representam. A pesquisa inicial explorou tentativas de apagar discussões sobre o letramento racial na construção de uma educação decolonial.
– Vozes de Mulheres Negras que ecoam nos espaços agrários e nas mídias
Cleusa Albilia de Almeida (UFMT/IFMT), Cristóvão Domingos de Almeida (UFMT/IFMT), Acimar da Costa Magalhães (UFMT/IFMT, Jessiane Maria de Almeida (UFMT/IFMT), Natally Fernanda Almeida (UFMT/IFMT)
O artigo tem como objetivo relatar as vivências de um campus agrário do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) – campus São Vicente no desenvolvimento de ações voltadas à valorização das vozes, trajetórias e produções de mulheres negras. A proposta foca no uso das mídias sociais e do site institucional como ferramentas estratégicas para criar um acervo digital de memória e representatividade, por meio da divulgação de pinturas contemporâneas de 10 autoras negras, oriundas de Mato Grosso, de outras regiões do Brasil e também do cenário internacional. A metodologia adotada combina pesquisa qualitativa com abordagem etnográfica, observação participante e registros audiovisuais das interações acadêmico-culturais promovidas no campus. Também foi utilizado o levantamento e curadoria de obras visuais, seguidos de entrevistas/registros de suas biografias das artistas e acervo em plataformas digitais. A fundamentação teórica está ancorada nos estudos decoloniais, nas epistemologias do sul e nas teorias do feminismo negro, especialmente em autoras como bell hooks, Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, que abordam a importância da memória, da arte e da ocupação de espaços simbólicos pelas mulheres negras. Espera se como resultado ampliar o repertório imagético e identitário disponível nos ambientes educacionais e digitais do IFMT, fortalecendo o reconhecimento da diversidade cultural e da presença feminina negra nos contextos agrários. A criação do acervo virtual visa estimular práticas pedagógicas mais inclusivas, além de promover uma maior conexão entre arte, território e resistência.
Debate: 11h – 11h15
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Manhã (10h30 –12h30)
Sala 207 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 5 – Tecnologias Emergentes e Cibercultura: Desafios para o Jornalismo e a Educação (11h30 – 12h30)
Coordenação/Mediação: Ramsés Barbosa (UFF) e Graziela Bianchi (UEPG)
– Arquiconectividade e Inteligência Artificial no Bios Midiático
Ramsés Albertoni Barbosa (UFF), Talita Souza Magnolo (UFJF)
Este artigo investiga os impactos sociais, cognitivos e éticos decorrentes da integração entre arquiconectividade, IA e IoT no contexto do bios midiático contemporâneo. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, de natureza teórico-conceitual, fundamentada em revisão bibliográfica interdisciplinar. Os resultados indicam que tais tecnologias promovem uma integração invisível e contínua entre humanos e sistemas digitais, com implicações significativas para a autonomia individual, a privacidade e a equidade social. Conclui-se que, embora ofereçam avanços tecnológicos relevantes, esses fenômenos intensificam desigualdades, concentram poder informacional e demandam regulamentações críticas que priorizem a inclusão, a transparência e os direitos digitais.
– Da midiatização à IA: um debate histórico-conceitual sobre a relação da tecnologia com o jornalismo
Leriany Barbosa (UEPG), Graziela Bianchi (UEPG)
O trabalho busca refletir sobre as adaptações ocorridas no campo do jornalismo a partir da inserção de diferentes possibilidades tecnológicas evidenciadas em seu processo de desenvolvimento. A partir de conceitos trabalhados por autores sobre a temática das mudanças tecnológicas nos processos jornalísticos, discute-se a relação entre tecnologia e jornalismo no decorrer dos anos. Como percurso metodológico definido, o artigo realiza a recuperação de obras que trazem a fundamentação para o debate proposto, o que auxilia na compreensão sobre a adaptação do jornalismo diante da inserção de processos de midiatização, convergência e chegando até a introdução do uso de procedimentos que se valem da inteligência artificial nos processos jornalísticos, considerando os movimentos realizados na atualidade.
– Letramentos Digitais para Educação: Panoramas de Pesquisas, Desafios e Possibilidades na Cibercultura
Maria de Fátima Dias da Silva (UFRJ)
Este artigo examina a relação entre cibercultura e educação, destacando a importância de abordagens transdisciplinares para compreender as transformações sociotécnicas educacionais do século XXI. Com base em autores como Pennycook (2023), Santos (2019) e Parada (2016), discute-se como as tecnologias digitais, desde a web 1.0, à web 3.0 com a inteligência artificial, exigem um uso crítico e reflexivo para além do acesso técnico. Enquanto essas ferramentas ampliam a autoria colaborativa e a circulação de informações, também reproduzem racionalidades tecnológicas dominantes, demandando uma formação docente e discente que integre mídias digitais de forma consciente e alinhada às necessidades de uma sociedade em rede.
– Narrativas de fé nas redes sociais digitais: uma análise do perfil Sertão Místico
Isabela Heluey Martins (UFJF), Claudia Thomé (UFJF)
O objetivo deste trabalho é compreender o papel das mídias digitais na construção da memória de grupos que carregam a tradição oral como dinâmica fundamental para a transmissão de saberes ligados à fé. Este artigo apresenta um mapeamento na plataforma digital “Instagram” pela hashtag “reza” e analisa o perfil do projeto “Sertão Místico”, que retrata um fragmento da identidade nordestina por meio de testemunhos sobre práticas e crenças de personagens da região. A pesquisa analisa quais estratégias narrativas são utilizadas pelo projeto para comunicar esses saberes nas redes sociais. Com o auxílio metodológico de Becker (2023) com “Sete Dimensões Para Leitura Crítica E Criativa Das Notícias Em Áudio E Vídeo”, conclui-se que, ao utilizar as narrativas contemporâneas de comunicação em redes sociais, o projeto cria laços de afeto e fé com o público que o acompanha.
Debate: 12h15 – 12h30
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Sessão 6 – Reunião Anual do GT História da Mídia Visual
*12h30 – 12h45
GT História da Mídia Impressa
Coordenação Nacional: Jessé Andrade Santa Brígida (UFPA) e Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
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Manhã (8h30 – 10h10)
Sala 105 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 5 – Do Local ao Global: A Imprensa e as Dimensões da Terra (8h30– 9h15) Coordenação/Mediação – Jessé Santa Brígida (UNAMA)
– Invisibilidade a respeito dos Impactos Socioambientais da construção da Usina Nuclear emItacuruba (PE) na Imprensa
Tayná Raffaely Bonfim Feitosa (Universidade do Estado da Bahia – UNEB), Juracy Marques dos Santos (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
A instalação da Usina Nuclear em Itacuruba (PE) reflete um padrão de desenvolvimento em vigência a partir dos anos 1970 com a construção de empreendimentos de impacto socioambiental nos territórios baiano e pernambucano, com deslocamento compulsório das comunidades e a desestruturação de formas de vida tradicionais. Assim, este artigo analisa a cobertura jornalística local e nacional a respeito da implantação da usina nuclear em Itacuruba, a fim de identificar se foram abordados impactos sociais, ambientais, culturais e políticos. Para tanto, faz análise de conteúdo da cobertura local e nacional. Verifica-se a necessidade de cobertura ampliada sobre o tema, a fim de avaliar os riscos da implantação do empreendimento. Comprova-se que a cobertura se utiliza de fontes institucionais e dos movimentos sociais organizados. Porém, há ausência da comunidade local diretamente afetada, o que contribui para a invisibilização da questão ambiental.
– Jornal do Barreiro: um narrador do tempo e do espaço da maior regional de Belo Horizonte
Stéfanie Xavier Curcio (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas)
Este artigo propõe contar a história do Jornal do Barreiro, o periódico impresso mais antigo da maior regional de Belo Horizonte, Minas Gerais: o Barreiro. Por se posicionar como narrador do tempo e do espaço da regional em questão, buscamos observar como a atuação do jornal no Barreiro conta sobre esse lugar. Tal propósito foi alcançado por meio do enfoque em notícias de oito edições do periódico, publicadas entre 2019 e 2023. O estudo partiu da perspectiva de Geografias da Comunicação e dos conceitos de identidades e territorialidades. O método principal de pesquisa foi a Análise de Conteúdo (AC).
– Mineração, fantasmas e jornalismo: notícias da terra assombrada no jornal O Espeto
Helena Pessoa (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Hila Rodrigues (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Esse artigo examinou e discutiu os elementos fantasmagóricos que marcam o processo de construção das representações da cidade de Mariana pelo Jornal O Espeto, fundado em 1928, bem como os parâmetros e singularidades que sustentam esse processo. Para isso, recorreu-se não só aos estudos acerca do histórico da cidade de Mariana e do jornal em questão, mas também a obras que tratam especificamente do jornalismo regional e dos processos de construção da notícia a partir das teorias do jornalismo. A pesquisa aponta que os relatos assombrosos apresentados pelo jornal ao longo do tempo contribuem para o registro de memórias locais marcadas pelo passado colonial, pelo escravagismo e, sobretudo, pelas aflições e angústias decorrentes da atividade mineradora desde os tempos da exploração do ouro.
Debate: 9h00 – 9h15
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Sessão 6 – Jornalismo como Arena: Sexualidade, Ideologia e Luta Social (9h15 – 10h15)
Coordenação/Mediação – Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
– A Retratação dos Nazistas em Pernambuco por meio dos Periódicos: Imprensa e Controle Social durante o Estado Novo (1937-1945)
Davi Moraes (Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP)
Este artigo analisa como os periódicos pernambucanos retrataram e construíram a imagem dos nazistas durante o Estado Novo (1937-1945), examinando o papel da imprensa como instrumento de doutrinação social e controle político. A pesquisa se baseia na análise da utilização dos jornais pelo governo de Agamenon Magalhães como ferramenta de disseminação do discurso antinazista e de construção da identidade nacional brasileira. O estudo demonstra como a imprensa pernambucana funcionou na legitimação das políticas repressivas contra alemães e teuto-brasileiros, contribuindo para a criação do “perigo alemão” no imaginário social. A metodologia empregada baseia-se na análise documental e bibliográfica, utilizando como fontes principais os jornais, Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e Folha da Manhã, além da documentação oficial do período.
– Discurso Jornalístico sobre o Movimento Sem Terra (MST) a partir das Charges publicadas no Gazzeta do São Francisco
Lívia Barbosa Bernardo (Universidade do Estado da Bahia – UNEB), João Pedro Tínel (Universidade do Estado da Bahia – UNEB), Andréa Cristiana Santos (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Este artigo propõe analisar o discurso jornalístico do Gazzeta do São Francisco a respeito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e sua atuação na defesa da reforma agrária, agroecologia e da agricultura familiar. Para tanto, foi realizada pesquisa qualitativa e adotada a Análise Crítica do Discurso da amostra constituída pelas charges de Alexandre Esteves e notícias e
reportagens, publicadas no período de 2005 a 2007. Verificou-se que o discurso jornalístico evidencia linha editorial crítica relacionada a atuação do movimento social, pois, de acordo com o contexto comunicativo e atores sociais distintos, o periódico naturaliza ideologias sobre o MST. Constatou-se, ainda, que o enquadramento (frame) denuncia a estigmatização do MST como agente de transformação social, evidenciado pela crítica social.
– Revista Familiar (1883) e as mulheres na sociedade paraense do século XIX
Roberta Cartágenes da Costa (Universidade Federal do Pará – UFPA), Netília Silva dos Anjos Seixas (Universidade Federal do Pará – UFPA)
A pesquisa analisa a Revista Familiar, um periódico feminino com 17 edições publicado em 1883, no Pará, com o intuito de compreender quais eram os conteúdos voltados às mulheres e como eles refletem o espaço ocupado por esse público. A partir da análise, procurou-se compreender se as mulheres tinham voz nesses periódicos e, se sim, o que diziam? Se não, quem falava por elas? O estudo tem caráter documental, bibliográfico e descritivo, e utiliza a Análise do Discurso, como meio de compreensão aprofundada dos discursos veiculados na revista. O estudo, ao analisar os conteúdos da revista, encontrou uma dualidade sobre o papel feminino. A revista ora fornecia espaços para as mulheres se expressarem, ora reforçava discursos sobre elas nos papéis de mãe, esposa e dona de casa, previstos para as senhoras do século XIX.
Debate: 9h45-10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (8h30 – 10h10)
Sala 106 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 7 – Estéticas do Impresso: Modernismo Gráfico e Memória Visual (8h30 – 9h15)
Coordenação/Mediação – Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
– Modernismo Gráfico e Necropolítica: Ordem Visual Como Resposta À Crise Civilizatória Do Século XX
Mariana de Oliveira Julião Silva (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Bruno Guimarães Martins (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
O presente trabalho analisa a reforma gráfica do Jornal do Brasil (JB), conduzida por Amilcar de Castro entre as décadas de 1950 e 1960, articulando-a com os conceitos de modernismo gráfico e necropolítica. A pesquisa propõe uma leitura crítica que conecta os princípios estéticos e funcionais do design modernista com o contexto político e social do pós-guerra, marcado por traumas civilizatórios e novas formas de gestão da vida e da morte, como discutido por autores como Zygmunt Bauman e Achille Mbembe. Examina-se como a racionalização visual, a padronização tipográfica e o uso da grade modular podem ser compreendidos não apenas como soluções gráficas, mas também como respostas simbólicas a uma crise ética da modernidade, refletindo um projeto de ordem social e cultural diante do caos do século XX.
– Modernismo e Resistência Cultural no Interior do Brasil: Uma Análise Documental da Revista Verde
Laura Sanábio (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Pedro Augusto Silva Miranda (Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF), Vanessa Martins (Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG)
A Revista Verde, criada em Cataguases/MG, é considerada de grande relevância para o modernismo brasileiro e ainda hoje não recebe devido mérito (Branco, 2002). O objetivo deste artigo, a partir do método de análise documental (Moreira, 2005), é analisar a participação do setor cultural do interior do Brasil para o Modernismo, bem como contribuir para a (re)circulação da memória sobre o movimento a partir de outros fluxos.
– Antes do Google Maps – As narrativas do acervo fotojornalístico e a memória das
transformações urbanas de Curitiba
João Cubas Martins (Universidade Federal do Paraná – UFPR), Maíra Rossin Gioia de Brito (Universidade Federal do Paraná – UFPR), Valquíria Michela John (Universidade Federal do Paraná – UFPR), José Carlos Fernandes (Universidade Federal do Paraná – UFPR)
Imagens contidas em acervos jornalísticos contém seleções, enquadramentos e narrativas que participam da construção da memória sobre diversos aspectos da vida cotidiana, entres elas, as transformações urbanas. Este trabalho faz uma imersão nos arquivos do jornal O Estado do Paraná, com foco na cobertura da construção da Avenida das Torres, uma das principais vias de Curitiba, Paraná. A análise, realizada sob o apoio do olhar sintomático (Casadei, 2015) considera um conjunto de cinco fotografias, da década de 1970, que apontam para um cenário diferente do constituído atualmente sobre a avenida, com base em imagens do Google Maps. O resultado é de uma narrativa que se contrapõe a outras imagens curitibanas mais consolidadas no imaginário da cidade, uma vez que o acervo estudado é de um período anterior à sua conformação.
Debate: 9h00 – 9h15
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Sessão 8 – Cultura em Revista: Música, Cidadania e Jornalismo Cultural (9h15 – 10h15)
Coordenação/Mediação – Jessé Santa Brígida (UNAMA) – Aquela Velha Opinião Formada Sobre Tudo: A visão da Revista Somtrês sobre o rock nacional dos anos 1980 Enio Everton Arlindo Vieira (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Este artigo levanta algumas das diversas opiniões da antiga revista Somtrês (1979-1989) sobre o rock nacional no Brasil ao longo da década de 1980. Utilizamos várias de suas publicações disponíveis no acervo da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Além disso, nos baseamos em autores como Marcos Napolitano, John B. Thompson, Ricardo Alexandre e Simon Frith. Relatamos como a revista Somtrês percebeu a popularização do rock nacional em três fases: o início, com bandas que ainda seguiam uma estética mais próxima da MPB, uma segunda fase com a relativa divulgação da chamada Vanguarda Paulistana, e a profissionalização e popularização do estilo com a realização do primeiro Rock in Rio, em 1985.
– Expressões da Cultura Popular da Bahia, Memória e Cidadania na cobertura cultural da Revista Muito, de Salvador
Emanuel Andrade Freire (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
Este trabalho objetiva identificar e analisar a produção de reportagens de capa no contexto do jornalismo multicultural presentes na revista Muito, suplemento dominical do Jornal A Tarde, de Salvador, buscando traduzir as representações de pertencimento e memória da cultura popular da Bahia, conectando temas sobre sincretismo religioso, manifestações afro, música, teatro, dança e ciência. A pesquisa também aponta aspectos das narrativas jornalísticas em defesa da cidadania, direitos humanos e combate ao racismo através dos discursos de suas fontes.
– Cruzeiro Esporte Clube x Santos Futebol Clube: as finais da Taça Brasil de 1966 nas páginas
de “O Diário”
Pedro Henrique Magalhães Mendonça (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Natane Heloisa Pereira Generoso (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
O artigo analisa como o jornal “O Diário” narrou a vitória do Cruzeiro sobre o Santos na Taça Brasil de 1966, um marco que quebrou a hegemonia do eixo Rio-São Paulo no futebol brasileiro. O Santos, então considerado invencível com Pelé e seus títulos internacionais, foi surpreendido pelo Cruzeiro, que venceu por 6–2 no Mineirão e depois por 3–2 no Pacaembu. Utilizando o protocolo analítico do acontecimento, o estudo examina seis edições do jornal, destacando: enquadramento narrativo, fabulação da realidade e mecanismos linguísticos. O feito do Cruzeiro foi uma conquista política, desafiando a centralização do futebol e redefinindo o mapa de prestígio do esporte.
Debate: 9h45 – 10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Sessão 9 – Continuidades e Desafios da Cultura Impressa (10h30 – 12h00)
Coordenação/Mediação – Jessé Santa Brígida (UNAMA) e Fábio Ronaldo da Silva (UNEB)
– Jornalista Clarice: como Clarice Lispector contribuiu com a imprensa brasileira
Victória Barcelos da Silva (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Marialva Carlos Barbosa (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ)
Este artigo analisa alguns textos de Clarice Lispector, enquanto jornalista, procurando mostrar como a escritora deixou seu legado na imprensa através da permanência de seus maneirismos literários, geralmente percebidos em suas ficções, nos seus textos jornalísticos, como as crônicas. Através da análise de crônicas publicadas no Jornal do Brasil e textos produzidos para colunas femininas como a “Feira de Utilidades” do Correio da Manhã, busca-se discutir, também, a trajetória de Clarice enquanto mulher na imprensa brasileira do século XX.
– A Playboy brasileira: da ditadura militar (1964-1985) à crise do impresso
Felipe Jailton da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN), Daniel Dantas Lemos (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)
* Concorrente ao Prêmio JMM
Publicada no mercado estadunidense desde 1953, a Playboy fez grande sucesso no Brasil ao longo das mais de quatro décadas em que foi publicada no país. Desde a década de 1970, atravessando gerações, a revista se destaca pelo seu conteúdo de qualidade e pelas estrelas e astros que tiveram a coragem de se desnudar em fotos e entrevistas em profundidade, nem que fosse por 15 minutos de fama a mais. O objetivo deste trabalho é analisar a história da revista a partir dos períodos históricos pelos quais ela passou.
– Narrativas Midiáticas sobre o HIV/Aids na Imprensa Brasileira (1980 -1990)
Fábio Ronaldo da Silva (Universidade do Estado da Bahia – UNEB)
Este artigo analisa como a mídia impressa brasileira, nas décadas de 1980 e 1990, atuou na construção de sentidos sobre o HIV/Aids, a partir de matérias do Jornal do Brasil. A investigação evidencia como discursos midiáticos recorreram a metáforas bélicas e moralizantes, reforçando o estigma em torno da doença e a culpabilização de sujeitos dissidentes, sobretudo os homossexuais. As narrativas contribuíram para a consolidação de fronteiras simbólicas excludentes, vinculando o vírus a práticas consideradas desviantes. Contudo, também se observa uma ambivalência: a cobertura abriu brechas para debates públicos sobre sexualidade, visibilidade dos corpos dissidentes e saúde coletiva. Ao tensionar o discurso hegemônico, o artigo aponta a mídia como arena de disputa por reconhecimento e cidadania em tempos de crise.
– A cobertura do atentado do gás sarin no jornal “O Globo” (1995) e a identidade otaku
Dionísio de Almeida Brazo (Universidade Federal Fluminense – UFF)
Este artigo analisa a cobertura do jornal O Globo sobre o atentado com gás sarin no metrô de Tóquio, em 1995, atentando-se aos enquadramentos discursivos mobilizados para caracterizar a seita Aum Shinrikyo e seus membros. Enquanto no imaginário japonês os otakus foram associados ao atentado da seita, a análise de 47 matérias do jornal brasileiro aponta que não houve essa associação explícita no país. Com isso, buscamos tensionar a ideia de que o atentado teria sido um marco na estigmatização dos otakus no Brasil. Propomos que essa estigmatização se relaciona à maneira como a mídia brasileira codificou práticas culturais ligadas à “infantilidade”, como o consumo de animês e mangás por jovens e adultos, construindo representações estereotipadas que oscilam entre o desajuste social e a recusa da normatividade adulta.
– Entre o digital e o digitalizado, o que virá? O Diário Oficial de Minas Gerais à luz das
humanidades digitais
Marcelo Sena (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP)
Este trabalho promove uma reflexão sobre os processos de digitalização do Diário Oficial de Minas Gerais, a partir do conceito de humanidades digitais. O objetivo é identificar algumas possibilidades de acionamento dos vestígios de memória tendo o veículo como objeto de estudo e não apenas como fonte. O artigo identifica que a primeira fase disponível na internet (1984-1943) se restringe a páginas fotografadas do veículo, o que dificulta a pesquisa, enquanto os exemplares disponíveis a partir de 2010 apresentam mais elementos que conferem plasticidade ao acervo. A metodologia aplicada utiliza elementos da pesquisa exploratória e da revisão bibliográfica e o trabalho faz, por fim, alertas quanto à digitalização do acervo remanescente (1943-2010), processo iniciado em 2025.
Debate: 11h10 – 11h40
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Sessão 10 – Reunião Anual do GT História da Mídia Impressa
*11h40 – 12h00
GT História da Mídia Sonora
Coordenação Nacional: Juliana Gobbi Betti (UFOP) e Karina Woehl de Farias (Unesp)
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Manhã (8h30 – 12h30)
Hemeroteca (Bloco II)
Sessão 4 – Podcasts e reconfigurações históricas nas práticas e na pesquisa (8h30 – 9h30)
Coordenação/Mediação – Karina Woehl de Farias (UNESP)
– Do rádio aos podcasts, a mobilização política das classes médias
Daniel Gambaro (Unicamp) e Eduardo Vicente (USP)
Este artigo traça paralelos entre a relação das classes médias com a política em três momentos da história brasileira (os governos Vargas, a ditadura militar e a atualidade), e o modo como a mídia sonora tem sido articulada como instrumento de difusão ideológica. A partir da visão histórica do rádio, busca-se demonstrar que os podcasts dão continuidade a espaços de disputas políticas, direcionadas a diferentes frações das classes médias.
– Do amador ao espetáculo sonoro: um mapeamento histórico sobre influenciadores digitais e podcasts no Brasil
Daniel do Nascimento Santos e Luana Viana (UFOP)
O artigo investiga o papel dos influenciadores digitais na popularização dos podcasts no Brasil entre 2004 e 2025. Baseando-se principalmente em Debord (1997), Recuero (2009) e Bonini (2020), utiliza como ferramenta metodológica o levantamento cartográfico. O corpus é composto por 98 podcasts. Como principal resultado, encontra-se uma relação simbiótica entre o crescimento da podosfera e a ascensão dos influenciadores, que contribuem para consolidar os podcasts como mídia relevante na era plataformizada.
– Apropriação de estratégias radiofônicas na produção de podcast: uma análise do Rádio Novelo Apresenta
Fernanda Abreu (UFOP), Fernanda Tunes (UFOP), Isabeau Cotrim (UFOP), Kelly Mwenda (UFOP), Marcos Barbosa(UFOP) e Nair Prata (UFOP)
O presente artigo investiga as apropriações de estratégias radiofônicas na produção de podcasts, tendo como objeto de análise o episódio Eterno Retorno do programa Rádio Novelo Apresenta, eleito o melhor de 2024 pelo Spotify Brasil. A análise evidencia a continuidade de práticas narrativas tradicionais pensando o rádio desde sua origem, como um meio central na mediação sonora, caracterizado por sua oralidade, mobilidade e proximidade afetiva com os ouvintes, articuladas a novas lógicas de circulação e escuta, inseridas no contexto da plataformização. O estudo fundamenta-se nas perspectivas da ecologia de mídia e radiomorfose (Prata, 2009), destacando como o podcast herda elementos estruturais do rádio, como a construção narrativa sonora, uso do silêncio, trilhas sonoras e a criação de vínculos afetivos com os ouvintes.
– Podcasts, corpus e temas sensíveis: uma proposta metodológica para capacitismo e feminicídio
Sônia Caldas Pessoa (UFMG) e Lívia Kelly Labanca Ferreira (UFMG)
Este artigo objetiva mostrar maneiras possíveis para abordar dois temas sensíveis sociais, cujas leis referentes completam 10 anos em 2025: o capacitismo (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência) e o feminicídio (qualificador de crimes hediondos). E a partir deles, refletir sobre duas instâncias que consideramos fundamentais na segunda era do podcasting (Bonini, 2020), sendo
tanto a produção, circulação e escuta, quanto a pesquisa científica voltada para essa mídia. Com base nesse estudo, foram elaborados cinco passos que buscam tratar com cuidado o entrelaçamento desses temas sensíveis. O exercício metodológico foi elaborado considerando fatores como interseccionalidade (Collins, Bilge, 2021), epistemologias plurais (Lopez, Betti e Freire, 2025), acessibilidade comunicativa (Bonito, 2020) e linguagem hospitaleira (Pessoa, 2019).
Debate: 9h10 – 9h30
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Sessão 5 – Espaços de fala, escuta e compartilhamento: perspectivas feministas na produção sonora (9h30 – 10h15)
Coordenação/Mediação – Juliana Gobbi Betti (UFOP)
– Podcast Escute as Mais Velhas: olhares alternativos para a história dos feminismos
Debora Cristina Lopez (UFOP) e Dayana Cristina Barboza Carneiro (UFOP)
Por meio deste artigo, buscamos compreender como a comunicação sonora pode se constituir como uma estratégia para trazer à tona olhares alternativos para o passado, tensionando o relato histórico hegemônico. Nesse contexto, a mídia sonora pode ser pensada como uma forma de conhecimento, sendo o áudio uma fonte científica. Como objeto empírico, elegemos o podcast Escute as Mais velhas que apresenta entrevistas com mulheres brasileiras com trajetória significativa no âmbito do feminismo e dos direitos humanos. As convidadas são atravessadas por diferentes marcadores sociais, mas compartilham a vivência de pessoas com mais de 60 anos. É possível depreender que o conhecimento construído no podcast se caracteriza pelo lugar da experiência e da diversidade, apresentando uma perspectiva decolonial para a história dos feminismos.
– O rádio como potencial espaço de escuta e discussão de gênero: um estudo de caso do programa chinês Palavras na Brisa Noturna, de Xinran Xue
Danielly Cardoso Alves (UFSC) e Valci Regina Mousquer Zuculoto (UFSC)
Este artigo tem como objetivo refletir, ainda inicialmente, sobre o rádio como espaço de escuta e discussão de gênero, a partir das narrativas compartilhadas no programa Palavras na Brisa Noturna, conduzido na China dos anos 1980 pela jornalista chinesa Xue Xinran e registradas no livro As boas mulheres da China: vozes ocultas. Utilizando, como estratégias metodológicas, o estudo de caso, análise documental e pesquisa bibliográfica, busca evidenciar como o rádio, mesmo sob controle, pode funcionar como meio de resistência, acolhimento e visibilidade a vozes femininas historicamente silenciadas. Nossas observações iniciais indicam que, apesar da invisibilização histórica da participação das mulheres no rádio, o meio possui potencial transformador a ser explorado para promover a inclusão e o diálogo de gênero em diferentes contextos.
– A “Cozinha Solidária” como espaço seguro para a redefinição de vulnerabilidades: considerações sobre a produção de um episódio de podcast
Flora Villela Faria Cardoso Rabello (UFMG), Alice Pimenta Bonfiolli (UFMG) e Ângela Cristina Salgueiro Marques (UFMG)
A partir da realização do episódio de podcast “Cozinha Solidária (ASMARE): Episódio 4, 15a Temporada”, difundido pela Rádio Educativa da UFMG em 2025, o artigo busca compreender as possibilidades de reconfiguração das condições de vulnerabilidade das pessoas que executam o projeto configurando uma responsabilidade ética coletiva. Partindo dos estudos de Judith Butler (2015, 2023), abordamos como o episódio consegue retratar o ambiente da cozinha como espaço relacional de humanização e hospitalidade. O projeto Cozinha Solidária é abordado no episódio de podcast como algo que vai além da distribuição do alimento, configurando um território comunicativo onde as alianças construídas no ambiente da cozinha dão origem ao que Patrícia Hill Collins (2019) chama de “espaços seguros” de acolhimento, cuidado e autonomia.
Debate: 10h – 10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Sessão 6 – Vozes e Gênero: trajetórias e pioneirismos no rádio (10h30 – 11h20)
Coordenação/Mediação – Kátia Fraga (UFV)
– Repórteres de Carnaval na Rádio Tropical do Rio de Janeiro: Pioneirismo de Mulheres nas Décadas de 1980 e 1990
Anderson Luiz Condor Baltar (UFSC), Luiza Zanotti Moro(UFSC), Raphaela Xavier de Oliveira Ferro(UFSC) e Valci Regina Mousquer Zuculoto (UFSC)
Nas décadas de 1980 e 1990, a Rádio Tropical (RJ) contou com uma equipe de reportagem com predominância de mulheres nas transmissões dos desfiles das escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro. Mas o pioneirismo do trabalho dessas repórteres é historicamente invisibilizado. Em busca de começar a preencher esta lacuna, com aporte da História Oral, Historicidade e História Pública, apresentamos e refletimos, no artigo, entrevistas com três dessas profissionais. Revisão bibliográfica e pesquisa documental também constituem nossas estratégias metodológicas. Assim, considera-se relevante reconhecer as contribuições femininas na constituição do rádio no Brasil, incluindo essas mulheres no relato histórico do meio, conforme propõe pesquisa nacional coletiva liderada por Juliana Gobbi Betti e Valci Zuculoto.
– Aumenta que isso é locução jovem feminina no rádio FM
Selma Fernandes Boiron (UFF)
Este artigo propõe um resgate histórico da locução jovem feminina no rádio FM brasileiro a partir da experiência da Rádio Fluminense FM, pioneira em quebrar paradigmas na programação musical e na presença de mulheres no microfone. A pesquisa adota como metodologia a revisão bibliográfica interdisciplinar, com foco em autores que discutem memória, juventude, representatividade e comunicação, associada à análise crítica de registros históricos e culturais sobre a emissora e sua época. A investigação também é baseada por uma trajetória profissional de quatro décadas da autora na radiodifusão musical, oferecendo uma perspectiva interna sobre os processos de criação, linguagem e transformação do FM no Brasil. O trabalho busca preservar essa memória e refletir sobre os riscos do apagamento ou distorção de narrativas históricas na mídia contemporânea.
– Lance de Mulher: a trajetória das mulheres no radiojornalismo esportivo
Milena Carolina Reis Silva (UFOP) e Juliana Gobbi Betti (UFOP)
Este artigo objetiva compreender a trajetória e o cenário atual das mulheres no jornalismo esportivo em Minas Gerais, com foco em sua atuação no rádio. Para isso, apoia-se na pesquisa bibliográfica e documental, aprofundando e direcionando o olhar a partir de entrevistas semi-estruturadas com jornalistas que atuam ou atuaram no setor. As entrevistadas foram selecionadas com base em um levantamento criterioso, contemplando tanto pioneiras quanto profissionais em ascensão. Integrando o trabalho de conclusão do Curso de Jornalismo da UFOP, a iniciativa amparou a produção de um podcast. Ao final, destacam-se os desafios enfrentados pelas jornalistas esportivas, suas conquistas e a evolução do campo nas últimas décadas, contribuindo para a valorização da memória e da representatividade feminina na mídia esportiva mineira.
– Performances de Gênero no Rádio de Belo Horizonte: Conhecendo Kayete Fernandes
Karlo Daniel Rodrigues (UFOP) e Debora Cristina Lopez (UFOP)
O presente artigo trabalha com a questão de gênero, refletindo as performances femininas, nas rádios de Belo Horizonte diante da hegemonia cis masculina. Para isso, foi realizada uma entrevista com a mulher trans que atua há mais de 30 anos como drag queen e radialista, Kayete Fernandes. Ao evidenciar a presença desta radialista, evidencia-se também, como as programações de Belo Horizonte comportam as vozes masculinas, femininas e as vozes de pessoas queer, como pessoas trans e personagens drag queens. Assim como a quebra do binarismo de gênero entre o masculino e o feminino, o presente artigo evidencia também a quebra da hegemonia cis masculina nas programações das rádios de Belo Horizonte, no nicho do entretenimento, com a presença até então silenciada de mulheres trans ou de Drag Queens.
Debate: 11h – 11h20
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Sessão 7 – Música, Cultura e Materialidades Sonoras (11h20 – 12h05)
Coordenação/Mediação – Daniel Gambaro (Unicamp)
– Rádio, música popular e nacionalismo no Brasil nas décadas de 1930-40: do canto orfeônico à “regeneração dos ritmos selvagens”
Newton Dângelo (UFU)
O texto analisa a atuação de intelectuais, técnicos e dirigentes políticos em torno da radiodifusão brasileira, ao longo das décadas de 1930-40, em órgãos estatais, em encontros e intercâmbios em âmbito nacional e internacional, em busca da “regeneração” da música popular e da constituição de hábitos e costumes nacionalistas por meio da música erudita. Analisa, entretanto, sinais de distorções e limites destas práticas, e função da consolidação da música popular na radiofonia comercial e das disputas ministeriais no interior do próprio governo Vargas.
– “Se Iludiu Com O Balanço Do Negro Achando Que É Dança”: Considerações Sobre A Materialidade Comunicacional Da Música Negra
Alexandre Pinto( UFOP) e Carlos Fernando Jáuregui (UFOP)
Esse ensaio possui o objetivo de discutir as características comunicacionais e discursivas da música na cultura afrodiaspórica, levando em conta suas funções sociais, suas linguagens artísticas, o contexto histórico da Diáspora e a subjetividade de atores envolvidos nessa tradição. Trata-se de uma tentativa de consolidar um conjunto de prerrogativas básicas para estudos e análises da música negra (Sodré, 2017) (Floyd Jr, 2017) (Campos, 2014) partindo de um viés comunicacional e discursivo (Orlandi, 2001) (Wisnik, 1989) que considera as epistemologias nas quais essa forma de arte se insere. Esperamos contribuir para a compreensão científica desses processos comunicacionais que atravessam a experiência social, cultural e política coletiva, considerando identidades e formas organizadas de resistência.
– Saudades no futuro: um exame das retromanias pop em Olivia Rodrigo
Mariana Garcia Mesquita Oliveira da Silva(UFMG), Nísio Teixeira(UFMG) e Gabriela Almeida Silva (UFMG)
A partir do conceito de nostalgia apresentado pelo crítico musical Simon Reynolds em seu livro Retromania, o presente trabalho examina aspectos dele destacados na trajetória da artista pop Olivia Rodrigo, destacando, sobretudo, a presença dos metagêneros pop-rock e pop-punk, que ficaram intensamente associadas à juventude do início dos anos 2000; performances de artistas anteriores, como Avril Lavigne. Em meio ao renascimento desses estilos musicais na década de 2020, outros artistas acabam por surgir nesse cenário e se pautar neles. Percebe-se como a artista assume a nostalgia presente em seus álbuns, com inspiração em artistas rock dos anos 1990 que eram ídolos de seus pais e no pop-rock criado pela própria Avril Lavigne nos anos 2000, mas também de antecessoras, como Alanis Morissette.
Debate: 11h50 – 12h05
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Sessão 8 – Reunião do GT História da Mídia Sonora
*12h05 – 12h20
GT Historiografia da Mídia
Coordenação Nacional: Rosana Maria Pires Barbato Schwartz (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Mirtes de Moraes Corrêa (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
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Manhã (8h30 –10h10)
Sala 101 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 4 – Narrativas Políticas na História da Mídia (08h30 – 10h10)
Coordenação/Mediação – Mirtes de Moraes- Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Rosana Schwartz – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
– “Deus abençoe Israel. Deus Salve o Brasil”: a aproximação da extrema direita brasileira com o discurso sionista na última década
Arthur Honorato de Almeida -Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Este trabalho procura entender os desdobramentos políticos que ocorreram no Brasil após os ataques de 07 de outubro de 2023, na Faixa de Gaza, envolvendo o Exército de Israel e o Hamas. A partir dessa perspectiva, esta pesquisa qualitativa teórica visa investigar os motivos pelo qual a extrema direita brasileira, neste período e nos últimos anos, adotou o discurso pró-Israel e passou a fazer o uso de símbolos judaicos em suas manifestações políticas. Este trabalho é importante para compreender como as ideologias políticas internacionais se entrelaçam com as do cenário brasileiro e, no caso do conflito entre Israel e Hamas, ajudam a polarizar ainda mais a direita e a esquerda no Brasil.
– Bolsonarismo pré-bolsonarismo: configuração de temporalidades na Revista Piauí
Marcelo Afonso – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Nas bancas há quase vinte anos, a revista piauí tem circulação mensal e se define como uma publicação de reportagens, ensaios, ficção e poemas. Para além da diversidade de colaboradores e assuntos abordados, há um pano de fundo que tenta, por meio de temas contemporâneos como objetos de discussão, uma análise sobre a realidade brasileira. Tendo isso em vista, este texto se debruça sobre um conjunto de cinco capas, selecionadas juntamente com seus respectivos contextos editoriais. A análise considera o modo como essas produções ajudam a revelar escolhas que podem indicar a posição da revista diante de algumas das principais emergências conjunturais da década de 2010. Ao observar essas capas e seus “entornos”, buscamos entender como Piauí construiu respostas a esse tempo e como essas escolhas antecipam ou ajudam a compreender sua posterior abordagem sobre o fenômeno do bolsonarismo.
– Para Além da Obediência à Linha Partidária: Uma Historiografia da Imprensa Estatal Marxista-Leninista de Angola (1975 – 1991)
Israel Campos- University of Leeds
Este projeto de doutoramento analisa a imprensa estatal angolana durante o regime marxista-leninista de partido único (1975–1991), com foco no Jornal de Angola. A investigação utiliza uma abordagem qualitativa mista: análise histórico-discursiva de edições arquivadas do jornal, análise documental de leis e normas profissionais, e entrevistas semiestruturadas com jornalistas da época. Embora os media estatais fossem encarados como instrumentos para “divulgar a política oficial sem comentários críticos” (Collelo, 1991, p. 189), o estudo explora como alguns jornalistas encontraram formas de resistência e expressão alternativa (Mytton, 1983, p.10), tal como em contextos políticos similares, como a Polónia (Curry, 1990). A investigação examina ainda as experiências da primeira geração de jornalistas angolanos, contribuindo para suprir lacunas na literatura sobre a imprensa pós independência em Angola (Hohlfeldt, 2009; Carlos, 2014; Becker e Carlos, 2015) e na África lusófona (Salgado, 2016). Além disso, esta investigação insere-se no âmbito dos estudos sobre os sistemas de comunicação social pós-coloniais africanos, destacando a necessidade de descolonizar os estudos imprensa e da comunicação (Moyo e Mutsvairo, 2018; Mano e Milton, 2021), desafiando as teorias clássicas ocidentais neste domínio.
– Wilson Batista: o malandro regenerado nas páginas de jornal
Maria Luiza Nascimento Vieira – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Julio César Sanches – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
* concorrente ao Prêmio JMM
Este trabalho investiga a relação entre a censura do Estado Novo (1937-1945) e a produção cultural e jornalística relacionada ao sambista Wilson Batista. A pesquisa analisou como as composições do artista foram transformadas em resposta ao regime estadonovista, destacando a transição de temas, que evoluíram da malandragem para a exaltação do trabalhismo. Por meio de uma análise documental das notícias publicadas no Jornal do Brasil e no Diário Carioca na década de 1940, o estudo revelou a influência da censura na visibilidade de Wilson Batista, evidenciando seu alinhamento gradual com a ideologia varguista. Os resultados indicam que, embora inicialmente sua obra refletisse a vida boêmia, canções como “Oh Seu Oscar!” e “O Bonde de São Januário” passaram a ressoar com os valores do governo.
– Narrativas da violência: a cobertura da Palestina no Jornal Nacional
Juliana Ferreira de Carvalho – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Este artigo é fruto de uma pesquisa de mestrado que reflete sobre as maneiras de abordagem da violência no Jornal Nacional e a cobertura sobre a Palestina. Ao resgatar os acontecimentos longínquos ocorridos na região da Palestina, hoje ocupada quase inteiramente por Israel, problematizam-se as maneiras simplistas de abordagem do que hoje se entende como “conflito Israel Palestina”. Como as coberturas jornalísticas sobre a região são geralmente focadas na violência, o conceito será debatido de forma a abarcar a violência em suas três formas: subjetiva, objetiva e simbólica, categorias elencadas pelo filósofo Slavoj Žižek (2015) A partir daí, foram mobilizadas as seguintes categorias de análise: violência epistêmica, violência como resposta e a violência como espetáculo.
Debate: 10h – 10h15
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10h15 às 10h30 – intervalo para café
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Manhã (10h30 –12h)
Sala 101 (Bloco Padre Avelar)
Sessão 5 – Narrativas Visuais e Culturais: Olhares Decoloniais (10h30 – 12h)
Coordenação/Mediação – Mirtes de Moraes- Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Rosana Schwartz – Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
Temporalidades na ficção juvenil: adaptação e reacentuação histórica em Shadow and Bone
Kellen do Carmo Xavier- (Universidade Estadual de Minas Gerais, Divinópolis, MG), Gabriel Alves Rodrigues- (Centro Federal de Educação Tecnológica, Belo Horizonte, MG)
Este artigo investiga os modos pelos quais a ficção juvenil, analisada a partir de um conjunto das textualidades que compõem o Grishaverso de Leigh Bardugo, se relaciona com construções de temporalidade, memória e história. Tomando como ponto de partida os estudos de Paul Ricoeur sobre a consciência histórica e o presente vivo, bem como as formulações de Reinhart Koselleck e François Jost, a análise considera a maneira como o passado é reimaginado e mobilizado na narrativa literária e audiovisual. O trabalho situa essas narrativas na tradição da literatura juvenil, especialmente aquela endereçada a meninas, e investiga como a adaptação como gesto criativo e crítica situada que desestabiliza e expande textos preexistentes (Stam, 2006) e coproduz futuros possíveis conforme convoca reacentuações do passado. Nesse contexto, a série e os romances operam como dispositivos de rememoração que articulam experiências sociais e históricas.
– Imagens, Mídias e Identidades: Uma Leitura Decolonial da Cultura Visual Brasileira (1922 – Contemporaneidade)
Paulo Cezar Barbosa Mello – Centro Universitário SENAC
Este artigo revisita a relação entre imagem e identidade no Brasil (1922-presente) sob uma ótica decolonial e da história da mídia. Critica-se a narrativa hegemônica centrada na Semana de 22, argumentando que a colonialidade do poder molda a produção e circulação de imagens. Analisa-se o papel ativo das mídias – da imprensa ilustrada às digitais – na construção de identidades, tanto na perpetuação de hierarquias quanto nas resistências e contramídias (cordel, arte engajada, pixo, ativismo digital). Conclui-se que a compreensão dessa dinâmica exige descolonizar o olhar, reconhecendo a centralidade da mídia e valorizando as expressões marginais na disputa por representação.
– Espetacularização, folclorização e criminalização: breve histórico da midiatização das Umbandas e Candomblés
Ana Luísa Schuchter Rofino – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
O artigo interroga o processo de midiatização (Sodré, 2006) das Comunidades Tradicionais de Terreiro (Nogueira, 2020) e os efeitos da comunicação agenciada por veículos jornalísticos para a política do racismo religioso (Miranda e Rufino, 2019) operada no Brasil. Assim, realizamos uma discussão teórica e exploratória sobre produções jornalísticas, bibliográficas e acadêmicas, a fim de problematizar os desafios que as narrativas e as representações históricas midiáticas fomentaram para política de identidade, respeitabilidade social e autodefinição das macumbas. Ao longo da pesquisa, concluímos que determinadas mídias tradicionais brasileiras operaram uma política predatória de espetacularização, folclorização e criminalização das tradições afro-religiosas.
– Casas de Umbanda na Região Metropolitana de Natal-RN como Espaços de Comunicação, Cultura e Mídia
Maria Clara Bezerra de Araújo – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN
O presente trabalho faz questionamentos acerca das relações entre comunicação, comunidade e cultura a partir das conceituações teóricas de Sodré (2006; 2014; 2019), Martins (2021), Flusser (2014) e Paiva (2012). Considera-se aqui a comunicação como ciência do comum (Sodré, 2014), tecendo-se ligações com as ideias de Flusser (2014) sobre comunicologia, cultura e mídia. Como abertura para esses questionamentos, traz observações realizadas em dias de celebrações em três casas de Umbanda na região metropolitana de Natal-RN. Olhando a comunicação como elemento essencial para a criação e propagação da cultura, como defende Flusser (2014), considera as casas de Umbanda como espaços circulares ancestrais de mídia e de manutenção de aspectos visíveis e invisíveis da história brasileira.
– Hoy somos doce! Mañana… Seremos miles” – Cristalização de uma cena musical
Hugo Teixeira Carrião – Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Partindo da descrição imersiva da apresentação do coletivo Los 12 Discípulos no Grammy Latino de 2005, este artigo desenvolve um traçado analítico que busca desenvolver uma conceituação de cenas musicais enquanto momento de cristalização de uma forma cultural emergente. Com essa exploração, construímos um recorte com temporalidade e nacionalidade definidas, que diz sobre a estrutura de sentimento daquele momento, assim como explorado por Raymond Williams, e sobre sua aparente transformação, indicando por fim sua relação com a identidade do povo a quem ela contempla, incorporando textos de Beatriz Sarlo.
Debate: 11h00 – 11h30
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Sessão 6 – Reunião Anual do GT Historiografia da Mídia
*11h30 – 12h

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